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Terça-feira, 27 de Setembro de 2011, 10h:52

Operação para retirada de camelôs no centro é feita de forma pacífica

Noventa policiais militares e 80 fiscais da Prefeitura de Cuiabá se concentraram na Praça Ipiranga para evitar que ambulantes montassem suas bancas; tudo ocorreu sem qualquer confronto

ALIANA CAMARGO

Mayke Toscano/Hipernotícias

Policiais militares se concentram na Praça Ipiranga para iniciar operação para retirada dos ambulantes em 18 pontos no centro de Cuiabá

A operação realizada por fiscais da Prefeitura de Cuiabá com apoio de policiais militares para a retirada dos ambulantes do centro da cidade, nesta terça-feira (27), por determinação da Justiça de Mato Grosso, transcorreu de forma pacífica.

Cerca 80 fiscais, que foram divididos em dois turnos, 90 policiais militares (40 da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas - Rotam) iniciaram o trabalho às 6h para impedir que os ambulantes fixassem as bancas.

Mas poucos camelôs levaram suas barracas junto com os produtos para a venda, já que a Associação e o Sindicato dos Camelôs de Mato Grosso, já sabiam que nesta terça-feira começaria o procedimento de desocupação, conforme solicitação do promotor Gerson Barbosa do Ministério Público.

Até sexta-feira (30), os fiscais da Secretaria de Meio Ambiente e Assuntos Fundiários (Smaaf), com o auxílio da Polícia Militar, vão continuar a operação para retirada de ambulantes. “Sempre existiu este problema. Com o crescimento da cidade, as dificuldades aumentam”, explica o coordenador da fiscalização Robson Pereira dos Santos.

No total são 18 pontos levantados pela coordenadoria da Smaaf, que serão fiscalizados até sexta-feira.

Mayke Toscano/Hipernotícias

Dona Jandira que trabalha há 20 anos vendendo salgado e café no centro da Capital, teve que deixar a Praça por exigência dos fiscais da Prefeitura
REALIDADE

Ambulantes tem realidades diferentes, muitos estão nas ruas há vários anos, como é o caso da dona Jandira Augusta Moraes que vende salgado e café no centro da cidade há pelo menos 20 anos.

Dona Jandira sai do bairro Tijucal, na periferia de Cuiabá, chega no centro às 6h para vender salgado e café a R$ 1,00 cada. Vende seus produtos em pouco mais de duas horas e segundo a ela é seu “ganha pão”.

“Não tenho nenhuma fonte de renda. Não tenho aposentadoria. Eu vou esperar a segunda ordem, porque eu dependo disso”, diz dona Jandira.

Preocupada em obedecer a ordem exigida pelos fiscais, dona Jandira que no final do mês ganha R$ 560,00 com a venda de seus produtos para pagar um aluguel de R$ 350, água e luz, teve que sair da Praça Ipiranga sem ter vendido todos os salgados.

ENTRAVE

Um dos maiores entraves para a Prefeitura será a retirada dos camelôs que ficam atrás do programa Ganha Tempo, na Travessa Coronel Poupino.

Naquele local, cerca de 49 camelôs fixaram bancas de ferro. A prefeitura espera que os vendedores retirem as bancas do local, por sua vez os ambulantes têm esperança de que a decisão seja pela permanência já que eles não tem ideia de como farão para retirar as bancas.

Porém, fiscais já disseram que a retirada será inevitável. A Travessa Poupina foi ocupada, segundo os camelôs, há sete anos na gestão do ex-prefeito Roberto França. “Nos colocaram aqui e disseram que poderíamos ficar, agora estamos sendo tratados como vagabundos”, disse inconformada a ambulante Eliane Imaculada Teles que trabalha na travessa desde sua ocupação.

A falta de entendimento entre os que ocuparam a travessa e os que estão nas ruas está estabelecido. Por um lado existe a Associação e o Sindicato dos Camelôs, duas entidades que estão brigando por vagas numa possível ocupação em outro local.

Do outro lado, os ambulantes da Travessa Poupino dizem que não fazem parte de nenhuma das entidades e que estão chateados porque, segundo eles, os ambulantes das ruas disseram que sairiam se os outros da travessa saíssem.

E também há os esquecidos, que fazem parte do grupo de dona Jandira, que não têm nenhum representante e ninguém que acompanhe a situação social dessas pessoas.

REUNIÃO

Na segunda-feira (03), representantes dos camelôs participam de reunião com a Prefeitura de Cuiabá e com o promotor Gerson Barbosa para apresentarem outra proposta de adequação dos ambulantes.

Nesta segunda-feira (26), a 17ª Promotoria de Justiça da Defesa do Meio Ambiente e da Ordem Urbanística não aceitou a proposta de ocupação da Rua Antônio João, paralela à 13 de Junho, e também no Calçadão da Antônio Maria, apresentada na semana passada.

A presidente da Associação do Camelôs, Aparecida de Oliveira, disse que espera retornar logo às ruas. “Esperamos voltar a trabalhar em três dias. O nosso desejo é ir para o Mercado Municipal (Avenida Generoso Ponce), mas gostaríamos de ir para lá com tudo pronto”, enfatizou Aparecida.