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Sábado, 03 de Setembro de 2011, 16h:50

Vá em frente, governador!

Em situações como essa - de crise -, é difícil alguém conseguir enxergar além da gravidade do momento, mas Silval mostrou um olhar adiante, próprio de quem levanta a cabeça e não vê apenas a árvore, mas a floresta como um todo. Continue em frente, Silval

MÁRIO MARQUES

 

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“Mato Grosso é o maior produtor nacional de soja, de milho e de algodão e tem o maior rebanho bovino do país, mas a sua grande riqueza, que só não é a maior de todas porque a generosidade e espírito de luta do povo mato-grossense é bem maior, está ‘escondida’ no seu subsolo” (numa referência óbvia às jazidas minerais). As palavras são do governador Silval Babosa e foram ditas, na sexta-feira (2), e ouvidas por este jornalista que assina embaixo. Prosseguindo, o governador observou que “falta logística para explorar essas riquezas naturais, e com isso estamos preocupados e trabalhando em busca de parcerias e investimentos para viabilizar o beneficiamento e o seu transporte”.

A observação do governador me despertou a atenção, justamente pelo fato de ter sido feita em um contexto pesado de pressão de um segmento importante do funcionalismo público – o integrado por agentes policiais e escrivães -, que paralisaram totalmente suas atividades e cuja crise estava sendo gerenciada pessoalmente pelo governador, que chamou para si a responsabilidade pelas negociações. Em situações como essa, é difícil alguém conseguir enxergar além da gravidade do momento, mas Silval mostrou um olhar adiante, próprio de quem levanta a cabeça e não vê apenas a árvore, mas a floresta como um todo.

Não entro no mérito das reivindicações dos servidores em greve, se descabidas ou não, e nem quanto à capacidade financeira do caixa estadual bancar com os custos adicionais do aumento e reposições salariais que eles pretendem. Considero a atuação na Segurança uma profissão arriscada, fundamental para a sociedade e, portanto, merecedora de boa remuneração.

Por princípio, sempre defendi – e defendo – bons salários para os trabalhadores em geral, sejam do setor público ou privado, mas, no caso de quem atua na vida pública, há que se considerar o limite da arrecadação dos tributos, sem falar que a função governamental não se restringe apenas em pagar salários condizentes, mas existem outras responsabilidades e demandas a serem cumpridas no atendimento à população.

Também sei que Mato Grosso se destaca como grande exportador de matéria-prima como a soja, isenta de impostos, e que está sujeita às oscilações do dólar e da conjuntura econômica adversa que o mundo enfrenta - o que afeta, por osmose, a economia local, refletindo na arrecadação dos tributos.

E com todo esse universo aparentemente sombrio, mas passageiro considerando as potencialidades de Mato Grosso, Silval Barbosa, acompanhado por uma caravana de empresários e alguns membros do seu staff, seguiu de Cuiabá, por terra, na manhã deste sábado (3), - quando escrevo este artigo - rumo ao Porto de Santarém, no Pará. Junto com o governador, representantes de uma poderosa estatal chinesa interessada na construção de uma ferrovia ligando áreas produtivas aos portos fluviais e marítimos, que, como se sabe, são os meios de transportes mais indicados para escoar a imensa produção de Mato Grosso.

Coincidência ou destino, é no governo desse homem de origem simples, um pioneiro entre milhares, que há cerca de três décadas se embrenhou no Nortão de Mato Grosso, sofrendo as agruras do isolamento e das malárias que contraiu, que o Estado que ele governa pode festejar a descoberta de grandes províncias minerais, como as de fosfato e ferro, que se localizam na região Oeste, próximas de Mirassol do Oeste (300 quilômetros de Cuiabá).

A jazida de fosfato em questão, um insumo valioso, necessário à adubação de solos destinados à agricultura e pecuária, tem 19 km de extensão por 5,5 km de largura e, preliminarmente, está estimada em cerca de 427 milhões de toneladas. O consumo desse mineral em Mato Grosso, hoje, é de 610 mil toneladas/ano e boa parte é importada de Israel e Marrocos. De acordo com cálculos de especialistas, as minas de Mirassol D'Oeste, quando forem exploradas, terão capacidade para abastecer Mato Grosso por cerca de 700 anos. O que, obviamente, fará com que o Estado deixe de ser importador para se tornar um grande exportador desse insumo. O setor agrícola do Estado será um dos mais beneficiados porque o custo do produto para os agricultores vai cair consideravelmente. Só na produção de grãos, a economia deve ser de R$ 400 milhões/ano. O que representará mais recursos girando no mercado mato-grossense.

Jazidas de fosfato existem outras no Brasil, porém nenhuma colocada, por Deus, tão estrategicamente numa região, como a nossa, de grande potencial para expandir mais ainda a sua produção.

Como Deus soube ser generoso com Mato Grosso, paralelamente, foi anunciada, logo no início deste ano e, coincidentemente, começo da gestão de Silval Barbosa, a descoberta, na mesma região Oeste e vizinha à de fosfato, uma jazida de ferro, com teor de 41%, cujo tamanho seria de aproximadamente 11,5 bilhões de toneladas (equivalente a três vezes a de Carajás, no Pará).

É verdade! Falta logística de escoamento – conforme bem o disse o governador – e meios para extrair essas jazidas (e não apenas essas, mas também as de manganês, entre outros minérios valiosos que se encontram na superfície e no subsolo de Mato Grosso). Tudo isso exige grandes investimentos, é claro, porém Silval Barbosa, em meio às crises políticas e trabalhistas inerentes ao cotidiano de governos, está mirando lá na frente – na busca de parcerias e recursos para romper esses “gargalos” logísticos que ainda emperram um desenvolvimento maior de Mato Grosso.

Continue em frente, governador!

(*) MÁRIO MARQUES DE ALMEIDA é jornalista. www.paginaunica.com.br. E-mail: [email protected]