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Sexta-feira, 26 de Agosto de 2011, 14h:39

Moagem de cana e produção de etanol hidratado recuam

Com menos cana pra moer, indústria está priorizando a produção do anidro, que vai misturado à gasolina

DA FOLHA DE SÃO PAULO

Divulgação

União das Indústrias de Cana-de-açúcar já admite antecipar a safra em 1 mês por conta da escassez
A moagem da cana-de-açúcar e a produção de etanol hidratado tiveram queda no acumulado desta safra na comparação com o período anterior, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) referentes à região centro-sul do país.

A queda da moagem foi de 12% --40,4 milhões de toneladas a menos. Já a produção do hidratado caiu 31% --3,4 milhões de litros do combustível a menos circulando no mercado. Os dados confirmam a crise de produção de cana-de-açúcar no país.

Com menos cana pra moer, a indústria está priorizando a produção do anidro, que vai misturado à gasolina. No acumulado da safra, o produto teve alta de 16,17%.

Segundo Sergio Prado, representante da Unica em Ribeirão Preto, o setor prioriza a produção do anidro para atender o mercado doméstico de gasolina.

"É uma questão de lógica do mercado", disse.

A estratégia tem o objetivo de evitar o desabastecimento total de combustível e conter a inflação, ao contrário do que aconteceu no início deste ano com a disparada dos preços dos combustíveis, disse Sergio Torquato, pesquisador científico do IEA (Instituto de Economia Agrícola).

Segundo ele, com menos cana pra fazer hidratado, os preços se elevam e as pessoas migram do álcool para a gasolina.

"Se você oferece o produto [anidro], evita que o preço da gasolina aumente também", disse.

Isso deve amenizar o cenário econômico, mas não é uma solução final. "Haverá antecipação da entressafra, maior pressão nos preços e negociação para que a próxima safra comece antes", disse Torquato.

Nesse cenário de pouca moagem, a Unica já declara que encerrar a safra entre outubro e novembro é "algo totalmente previsível". O normal é que isso ocorra no início de dezembro.

Conforme a Folha informou há duas semanas, algumas usinas já devem concluir a colheita antes, no próximo mês.

De acordo com o representante da Unica em Ribeirão, não haverá falta de produto na entressafra, mas os preços devem acompanhar a demanda.

O litro do álcool combustível saindo da usina teve aumento de 44,7% se comparado ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. O do anidro aumentou 41,9%.

Além da queda da produção de cana-de-açúcar, a venda de carros flex pressiona o mercado. De acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores), até julho deste ano houve aumento de 4,61% nas vendas de flex, frente ao mesmo período do ano passado.