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Domingo, 07 de Agosto de 2011, 11h:22

S&P vê 1 em 3 chances de novo rebaixamento dos EUA

John Chambers, diretor da agência, afirma que levará algum tempo para que os EUA recuperem a nota máxima de crédito "AAA"

DA REUTERS

O diretor-gerente da agência de classificação de risco s&p (Standard & Poor's), John Chambers, afirmou neste domingo que existe uma em três chances de haver um novo rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos nos próximos seis meses a dois anos.

"Temos uma perspectiva negativa... de seis meses a 24 meses", disse ele ao canal "ABC".

"E se a posição fiscal dos EUA se deteriorar mais ou se a contenção política se tornar mais arraigada, isso pode levar a um rebaixamento. A perspectiva indica pelo menos uma em três chances de rebaixamento nesse período".

Chambers disse que levará algum tempo para que os EUA recuperem a nota máxima de crédito "AAA".

"Exigiria uma estabilização da dívida como parte da economia e um eventual declínio. E exigiria, eu acho, maior habilidade para obter consenso em Washington do que vemos hoje", acrescentou.

A agência de classificação de risco S&P rebaixou a nota da dívida americana para AA+ devido aos riscos políticos e ao peso da dívida americana em relação ao PIB (Produto Interno Bruto).

A agência decidiu anunciar a decisão na sexta-feira à noite, depois do fechamento do mercado, para dar tempo dos investidores se acalmarem durante o fim de semana.

ACUSAÇÃO

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos acusou na sexta-feira (5) a agência de classificação de risco S&P de ter cometido um erro de US$ 2 trilhões em seus cálculos para rebaixar pela primeira vez na história a nota da dívida americana de "AAA" a "AA+".

Segundo a versão do Tesouro, este recebeu a análise da agência de classificação de crédito na tarde de sexta-feira e alertou a S&P de um erro que elevava as projeções do deficit futuro em US$ 2 trilhões.

A agência trabalhava com um cenário em que a dívida chegaria a 93% do PIB em dez anos, mas, pelos cálculos atuais de agência do Congresso, a relação seria de 85%, diferença de US$ 2 trilhões -quase o PIB brasileiro em 2010.

"Uma opinião com falha de US$ 2 trilhões fala por si só", disse integrante do Tesouro.

Em entrevista à "CNN, John Chambers, admitiu que houve um erro, dizendo: "nós concordamos com a posição do Tesouro e nossos números refletem isso."

Mas Chambers acrescentou que o erro não faz diferença na classificação de risco do país porque não muda o fato de que a dívida vai crescer em relação ao PIB na próxima década.

Em seu comunicado, a Standard and Poor's indicou que "o rebaixamento foi decidido porque a consolidação fiscal estipulada pelo Congresso e a Administração fica aquém da necessária para estabilizar a dinâmica da dívida do governo a médio prazo".

Desta forma, a agência cumpriu as advertências de rebaixamento da dívida dos EUA que emitira nas últimas semanas, durante as negociações no Congresso americano para elevar o teto da dívida e evitar a temida moratória.

A S&P anunciou no sábado que dará uma entrevista coletiva por teleconferência na segunda-feira para explicar a decisão.