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Sexta-feira, 05 de Agosto de 2011, 17h:43

PQP de novo?

O Ministério das Cidades, e que é para ser “Planejamento”, segundo os noticiários atrelou a liberação dos R$ 450 milhões ao BRT quando vários grupos empresariais internacionais mostram que a viabilidade social e positividade do custo-benefício do VLT

HONÉIA VAZ

Divulgação

O Ministério das Cidades, e que é para ser “Planejamento”, segundo os noticiários atrelou a liberação dos R$ 450 milhões ao Bus Rapid Transit (BRT), quando vários grupos empresariais internacionais mostram que a viabilidade social e positividade do custo-benefício do Veículo Leve sobre Trilhos (metrô de superfície) superam as do Bus, e este segundo é mais caro (R$) em médio e longo prazos, o que compromete seriamente qualquer engenharia financeira possível, tendo em conta ainda o fato de que só há financiadores internacionais para o VLT.

É preciso entender ainda que R$ 450 milhões liberados pelo Governo Federal “paga” apenas a obra de implantação do BRT. Se o governador de Mato Grosso está quase todos os dias na imprensa falando sobre a dívida pública e denotando explicitamente dificuldades financeiras para arcar com compromissos cotidianos, como pensa em pagar: 1. a compra dos ônibus (a atual demanda exige, no mínimo, 40 biarticulados só para este corredor); 2. A inserção urbana do projeto (calçadas, fiação, meios fios, etc)?; 3. A demolição, recolha do entulho e destinação final? A metragem a ser desapropriada pelo governo é de 274.250.009 m!; 4. Além de outros tantos custos que não ficarão por menos de R$ 1 milhão (fora a citada obra de R$ 450 milhões), temos o principal e mais destacável, porque neste se soma também o enorme ônus socioeconômico do Setor de Comércio (leia-se “famílias de empresários e trabalhadores e ciclo virtuoso de geração de emprego e renda”).

Agora imagine o valor desta operação em cifras, lembrando ser esta uma área extremamente comercial (os direitos de indenização não cessam com a conclamação da Copa e, justamente como regra deste evento, o poder público deverá exterminar as pendências de pagamentos dentro do cronograma anterior aos jogos. E a discussão sobre valores pode prevalecer juridicamente, independente de o governo alegar interesse social. Será que já devemos começar a temer os precatórios?).

Chega-se, portanto, às dúvidas, e muitas conclusões importantes e esclarecedoras, independente das respostas a elas: se o governo, confessadamente, não tem caixa nem para arcar com Segurança, Saúde, Educação, aumento de salários de profissionais de diversas áreas, como fará esta desapropriação? Como pagará as demais despesas listadas, que extrapolam em mais de 1 milhão os já destinados R$ 450 milhões?

Por isso,quando alguns opinam sobre o assunto, dizendo que devemos fazer BRT e não VLT por que existem “coisas mais importantes” para investir e citam “Saúde, Segurança e Educação”, precisam antes entender estes cálculos e realmente trabalhar sobre cifrões reais, ou continuaremos somando para que toda a população (em seus diversos status sociais) seja “castigada”: 1. pelo aumento de impostos (enquanto algumas empresas tendem a se beneficiar com a concessão local, a totalidade das outras não será o alvo de arrecadação tributária “forçada” para pagar estas contas?) e 2. os cidadãos em geral, pelo trânsito que continuará caótico e pelas más condições do serviço (é impossível atender à demanda 6 mil passageiros/sentido/hora com este projeto BRT!).

Nisto tudo, o mais importante é entender o embate entre forças político-partidárias contrárias e econômicas diversas, e interesses unilaterais que fogem ao TODO e à missão dos governos (municipal, estadual e federal). Quer dizer que estes não contemplam a sociedade em geral, rendendo, brevemente, o que já temos como exemplo (aumento de impostos para todos, porque as dívidas do mau e pernicioso planejamento pressionam os administradores públicos. E serviços à população que nunca serão fiscalizados por que suas contratações foram feitas de forma errada, entre outras consequências), além de baixo índice de alcance no propósito maior: Mobilidade Urbana. Por que no fim de tudo, nestas falsas bases com que se fala e nestes reais interesses não-públicos com que se age, certo é que estão mentindo sobre o VLT, o BRT não é a melhor opção e novamente estão nos mandando à PQP.

(*) HONÉIA VAZ é jornalista em Cuiabá-MT e colaboradora do HiperNotícias. E-mail: [email protected]