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Quinta-feira, 04 de Agosto de 2011, 17h:00

Desconstruindo José Serra

É comum nos partidos que já ocuparam o poder a passagem por um processo de maturação. Nesse processo implica a oxigenação dos ideais partidários através de novas lideranças e com a ampliação do diálogo com a sociedade

CARLOS BIASOLI

 

Divulgação

 

É comum nos partidos que já ocuparam o poder a passagem por um processo de maturação. Nesse processo implica a oxigenação dos ideais partidários através de novas lideranças e com a ampliação do diálogo com a sociedade. Muitos partidos de poder, através do isolamento deste, perdem a interlocução pelos dissabores criados pelo ônus nas decisões de governo. O meio termo entre o possível e o ganho eleitoral está nesse entendimento.

Já escrevi várias vezes sobre como José Serra impediu essa maturação no PSDB. Desde a sucessão de Fernando Henrique Cardoso, Serra só fez dividir o tucanato e impedir qualquer tipo de "oxigenação" da legenda. Não foram poucos os percalços criados, sempre vendendo a balela de que o PSDB com a sua história e com ele de timoneiro, eram auto suficientes. Nenhum partido é.

Jereissati foi tratorizado em 2002, Alckmin disputou 2006 em frangalhos, em 2010 Serra disputou novamente e impediu qualquer possibilidade da candidatura Aécio. Serra sempre agiu de forma truculenta.
Serra jogou com o que pode desesperadamente e venderia à alma para ter vencido a última eleição presidencial, sendo redundante, é bom lembrar que este fez uma campanha difamatória e bateu abaixo da linha de cintura priorizando assuntos como aborto e religião.

Todavia, ainda não aceita com naturalidade o fluxo imposto pela política, assustou a todos no seu discurso rancoroso de derrota da eleição: "...não é um adeus, é um até logo".
Semana passada, mais um capítulo, duas pesquisas deram o recado que a candidatura Serra à prefeitura de São Paulo -qual abandonou para ser candidato a governador- faz água. Tucanos de alta plumagem espalharam que a candidatura já não é tão bem vista por parte da população.

No próprio governo de São Paulo, desde o início do governo Alckmin, a desconstrução de Serra e seu governo é eminente. O governador pediu revisão de vários contratos e, em alguns casos, auditoria, promoveu o diálogo perdido com o funcionalismo público em setores estratégicos como saúde, educação e segurança pública e alijou o serrismo de seu secretariado. No diretório paulistano consolidou seu domínio nos mais de 50 diretórios zonais. Reduziu assim, o embate entre alckmistas e serristas, impondo respeito.

Dentro do PSDB nacional houve luta autofágica para impedir que Serra ocupasse o espaço que desejava, hoje Aécio desponta como o nome tucano para 2014.

Mesmo assim Serra insiste e se mostra disposto a lutar por 2014, já mandou recados públicos da própria boca ou por aliados. Defende agora o uso de prévias partidárias advogando em causa própria.
Contudo, caso pereça a aposentadoria de Serra e ele consiga voltar à cena, é eminente que o PSDB que já foi tido como um partido jovem e moderno, passará mais quatro anos no limbo asfixiado internamente pela caduquez de suas lideranças.

(*) CARLOS BIASOLI é Diretor Regional de Relacionamentos da Biasoli Consultores Independentes e colaborador de HiperNoticias. E-mail: [email protected].