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Segunda-feira, 11 de Julho de 2011, 17h:35

Bolsa tem pior 'tombo' desde fevereiro e cai para menor nível em 13 meses

Índice acionário Ibovespa caiu 2,10% no fechamento, para os 60.223 pontos. Giro financeiro foi de R$ 5,17 bilhões

DA FOLHA DE SÃO PAULO

Inflação doméstica em alta e crise na Europa formaram a combinação que derrubou a Bolsa de Valores brasileira na sessão de negócios desta segunda-feira, o quinto dia consecutivo de desvalorização.

Amargando seu pior "tombo" num só dia desde fevereiro, o índice de ações Ibovespa voltou a oscilar nos mesmos preços de maio de 2010, acumulando uma queda de 13% somente neste ano.

Os problemas da Itália ganharam os holofotes nesta semana, com a proximidade de vencimentos de dívida, em meio a uma alta generalizada dos juros pagos nos títulos soberanos de vários países problemáticos, como Portugal e Irlanda.

Mas o mercado brasileiro também sofreu com seus próprios dramas: os economistas de bancos e corretoras revisaram para cima suas projeções para a inflação deste ano e do próximo. Esses ajustes geram dúvidas a respeito de quanto o Banco Central deve elevar os juros para conter a alta dos preços.

"Nós estamos com esse problema da inflação desde o início do ano, que não se resolve. A grande questão é que nós estamos em 11 de julho, e ninguém sabe dizer realmente quando os juros vão parar de subir", comenta Luiz Gustavo Medina, economista da M2 Investimentos.

Juros para cima, em geral, são "a receita" para esvaziar os negócios da Bolsa, porque tornam a renda fixa mais atrativa que a volatilidade (e o nível de risco) da renda variável. Sem dinheiro, os preços "murcham": desde janeiro, o Ibovespa já encolheu 10 mil pontos.

Hoje, o . Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, cedeu 1,20%.

Na Europa, a Bolsa de Londres recuou 1%, enquanto a Bolsa italiana desabou quase 4%.

O dólar comercial foi negociado por R$ 1,582, em um avanço de 0,95%.

CHINA E EUA

O final de semana não trouxe notícias animadoras a respeito da economia mundial: a economia chinesa apontou uma inflação de 6,4% (taxa anual) em junho, a maior em três anos. Na semana passada, Pequim já havia anunciado medidas para conter a alta dos preços, com uma nova elevação dos juros.

Amanhã à noite, o governo chinês divulga o PIB do primeiro trimestre, o que deve elevar a cautela de investidores e analistas na jornada de hoje.

Ainda no front externo, as autoridades europeias convocaram uma reunião para discutir o pacote de ajuda financeira à Grécia, mas também a problemática situação da Itália, terceira maior economia da zona do euro.

A crise política italiana desperta temores de que a gestão atual não tenha força política para implementar um programa de austeridade fiscal e ganhar a confiança dos investidores.

O mercado também acompanha de perto as discussões em torno a dívida federal nos EUA. O congresso americano precisa aprovar a elevação do limite máximo de endividamento, antes do início de agosto, para evitar um possível "default" do país (calote de pagamentos), ainda que temporário.

O presidente Barack Obama afirmou nesta segunda que os líderes partidários devem se encontrar diariamente até que um acordo sobre a dívida federal seja fechado.

INFLAÇÃO

E no front doméstico, o investidor encontrou poucos motivos para ânimo.

O boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, mostrou que boa parte dos economistas voltou a elevar suas projeções para a inflação deste ano e de 2012. Para 2011, a taxa prevista para o IPCA passou de 6,15% ao ano para 6,31%. E para 2012, a projeção aumentou de 5,10% para 5,20%.