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Sexta-feira, 17 de Junho de 2022, 19h:08

A sabedoria de Luiz Soares

Acervo Pessoal

Nesta quinta-feira (16), Mato Grosso ficou mais pobre no campo das ideias, da irreverência, de uma inteligência rara capaz de descrever com sabedoria e deboche a conjuntura política que os pobres de cabeça tricotavam por horas e não chegavam a lugar algum.

A honestidade e o desejo nato de fazer o melhor serão sempre incontestável. Basta conhecer um pouco da carreira pública deste menino/homem audacioso, que aos 23 anos elegeu-se deputado estadual.

Luiz Antônio Vitório Soares para muitos e para mim o “Camarada”, apelido que surgiu em um bate papo sobre os ‘carinhas’ que, ditos de esquerda, nada faziam em defesa da população. Me Explicar os feitos dele nem milhares de linhas seriam suficientes. Lógico que faltaria papel. Não me refiro a canteiros de obras e placas que os nobres colegas de Luiz gostavam de inaugurar. O Camarada fugia o quanto podia de cerimônias deste tipo.

Outro particular de Luiz era também igualmente impossível de competir. Camarada nasceu ou criou uma memória incrível que o possibilitava cumprimentar pelo nome homens e mulheres que passavam pela rua Comandante Costa, em frente à casa onde o ex-deputado morou. Este contato estreito com cidadãos sem rosto, perdidos nas ruas, fortaleceu após Luiz ter assumido a Secretaria de Saúde de Cuiabá.

Particularmente acredito que o Camarada tomou gosto pela área, que o fez apaixonar-se pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para ele, tudo que o Brasil precisava, os estados e municípios estão descritos no texto de criação do SUS. E foram homens e mulheres que, fantasiados de gestores, travaram o sistema e criaram aberrações para evitar que a saúde pública brasileira fosse exemplo para outros países e ganhasse o mundo.

Minhas histórias com Luiz Soares são muitas e ele fará uma falta tamanha. Por vezes ficávamos tempos sem nos falarmos, mas a admiração por este cara simples, que mostrava muito pouco da enorme sabedoria guardada no peito, era intensa. O Camarada tinha uma alma inquieta. Era um sonhador. Doía nele não fazer o que estava bem ali a mão, mas que o poder oculto por forças traiçoeiras impedia.

Luiz, Camarada, Luizinho e Cabeção vá em paz. Você foi o cara! Lembro quando eu lamentava alguma situação pontual, ele cantarolava Zeca Pagodinho: Eu já passei por quase tudo nessa vida, em matéria de guarida espero ainda a minha vez. Confesso que sou de origem pobre, mas meu coração é nobre, foi assim que Deus me fez. E deixa a vida me levar, vida leva eu!

Um beijo Luiz. Siga a luz e acalme seu coração.

* Margareth Botelho é jornalista em Cuiabá e diretora de Redação do jornal A Gazeta e do site Gazeta Digital