HiperNotícias - Você bem informado

Terça-feira, 24 de Maio de 2011, 21h:00

Senador reage e diz que Dorileo Leal faz “choro de denunciado”

Para senador do PDT, se dono do Grupo Gazeta suspeita de algo contra ele, que o processe

DA EDITORIA

 

SitePedroTaquesMT
Pedro Taques durante entrevista a TV Gazeta, de João Dorileo: relações estremecidas
O senador Pedro Taques reagiu com veemência nesta terça-feira (24) às declarações do diretor do Grupo Gazeta de Comunicação, João Dorileo Leal, acusando-o de influenciar o Ministério Público Federal (MPF) por tê-lo denunciado criminalmente por lavagem de dinheiro do bicheiro João Arcanjo Ribeiro.

“Eu atuei como Procurador da República quando investigamos e autuamos aquela quadrilha que mandava em Mato Grosso comandada pelo João Arcanjo Ribeiro, preso em 2002. Na época eu ouvi o Dorileo nesse caso. Em 2005 instaurou-se outra investigação, quando eu já estava em São Paulo. A Polícia Federal indiciou o Dorileo em 2011, e o juiz acatou a denúncia esse mês, e eu já nem sou mais procurador. Portanto, não tenho nada com isso”, frisou o senador, durante conferência pelo micro-blog Twitter.

Pedro Taques, que na semana passada chegou a ligar para Dorileo para lhe explicar que não tinha participação no caso, mudou o tom e afirmou que, apesar disso, não tem vergonha do seu passado.
“Não tenho vergonha do meu passado, ao contrário, tenho muito orgulho. Aliás, foi esse passado que me trouxe ao Senado. Ele (Dorileo) foi denunciado e o juiz acatou. Não mando em juiz, em polícia federal nem em ministério público”, disse.

Segundo senador, se o dono do Grupo Gazeta tem algo contra ele, que o processe. “Não tenho nada com isso, mas se o Dorileo entende que tenho, ele que me processe. Na verdade, isso não passa de choro de quem foi denunciado por lavagem de dinheiro. Ele é quem deve explicações, afinal seu grupo de comunicação censurou essa notícia (da denúncia e do indiciamento do Dorileo)”, comentou.

ENTENDA O CASO

Conforme Hipernoticias publicou em primeira mão nesta terça, a Justiça Federal de Mato Grosso aceitou a denúncia contra o empresário do ramo de comunicação de Mato Grosso João Dorileo Leal, superintendente do Grupo Gazeta de Comunicação. O processo está na 7ª Vara Criminal com o juiz Paulo Sodré. A distribuição é feita por meio eletrônico.
O recebimento ocorreu no dia 20 de maio passado, e isso significa dizer que Dorileo é, agora, réu no processo que apura o suposto envolvimento dele com o esquema de lavagem de dinheiro oriundo do “jogo do bicho” comandando por João Arcanjo Ribeiro.

A DENÚNCIA

O Ministério Público Federal ofereceu denúncia no dia 12 de maio para a Justiça Federal de Mato Grosso contra João Dorileo Leal, por envolvimento com o esquema de lavagem de dinheiro oriundo do 'jogo do bicho' comandando por João Arcanjo Ribeiro, preso em Campo Grande. O processo não está em segredo de justiça, mas não pode ser divulgado por conter relatório de bancos - autorizados pela Justiça - sobre movimentação financeira de Dorileo. A divulgação de dados é vetada.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, a investigação identificou que João Dorileo Leal, responsável legal por um conglomerado de empresas de Comunicação teria auxiliado a organização criminosa a 'lavar' dinheiro fruto das atividades ilícitas.

Num período de 15 dias, em agosto de 2002, ele recebeu um total de R$ 2,5 milhões das empresas Confiança Factoring, One Factoring e Cuiabá Vip Fomento, todas empresas de propriedade de João Arcanjo Ribeiro, tendo plena consciência de que tais valores eram oriundo de crime.

Com intenção de dissimular a procedência ilegal do dinheiro, Dorileo, que recebeu o montante dividido em vários cheques, fazia o saque na boca do caixa, depositava em contas bancárias pessoais ou do grupo de comunicação em pequenos valores bancários que não chamam a atenção e escaparam às normas administrativas de controle, impostas às instituições financeiras.

Para completar a lavagem' do dinheiro, os valores depositados nas contas pessoas, eram transferidos para as contas do Grupo Gazeta e usados para o pagamento de fornecedores ou de despesas do grupo de comunicação.

OUTRO LADO

Quando a notícia veio à tona, na última sexta, em publicação do jornal Folha de S.Paulo, Dorileo creditou a denúncia a uma possível influência política ”de alguém” no Ministério Público Federal. “Em 2002 fui ouvido por Pedro Taques (à época procurador da República em Mato Grosso) e tenho comigo aqui gravações dele dizendo na época que as investigações sobre as operações ilegais com factorings, nada foi encontrado contra mim”, defendeu-se o empresário.

Dorileo credita a denúncia ao fato de o nome dele estar “aparecendo” na mídia com frequência como pretenso candidato a prefeito de Cuiabá em 2012.”

“Certamente isso é coisa de alguém que tem forte influência no MPF”, salientou sem citar nomes, porém, deixando claro que se tratava de Pedro Taques.

O empresário não atendeu aos telefones de Hipernoticias nesta terça para comentar o acatamento da denúncia pela Justiça Federal. O site MidiaNews publicou uma declaração atribuída a ele, na qual diz que “isso é pura sacanagem... Estão querendo requentar um assunto para criar fatos políticos. É molecagem" (sic).