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Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2020, 16h:00

De vereador cassado a liderança política, relembre a trajetória de Abílio Júnior

RAYNNA NICOLAS
REDAÇÃO

O vereador Abílio Júnior (Podemos) iniciou o ano sendo cassado da Câmara Municipal de Cuiabá, mas deu a volta por cima e chegou a disputar o segundo turno nas eleições à prefeitura da Capital. Pautado no "combate" ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), Abílio chegou a conquistar 129.777 votos dos eleitores em Cuiabá e despontou como liderança política. Relembre como foi a trajetória do vereador em 2020.

Francinei Marans

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Francinei Marans

Em março, às vésperas de ter o processo de cassação por quebra de decoro parlamentar julgado, Abílio garantiu que seria candidato à prefeitura da Capital. Segundo o vereador, a decisão levou em conta uma série de problemas na saúde, educação e infraestrutura. 

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“Foi uma decisão muito séria, uma decisão muito difícil de ser pensada. E diversas pessoas estavam me pedindo, me cobrando ser pré-candidato. Depois de muito conversar com a minha família, minha esposa, meus amigos eu tomei a decisão de aceitar o desafio em ser pré-candidato a prefeito de Cuiabá”, disse à época. 

Cassação

Poucos dias depois do anúncio, a Câmara de Cuiabá cassou, por 14 votos a 11, o mandato de Abílio Júnior. A sessão durou 14 horas. Votaram contra Abílio os vereadores Misael Galvão (PTB); Adevair Cabral (PSDB); Delegado Marcos Veloso (PV); Orivaldo da Farmácia (Progressistas); Chico 2000 (PL); Ricardo Saad (PSDB); Dr. Xavier (PTC); Juca do Guaraná (Avante); Justino Malheiro (PV); Luis Cláudio (Progressistas); Marcrean Santos (PRTB); Mário Nadaf (PV); Renivaldo Nascimento (PSDB) e Toninho de Sousa (PSD). 

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Durante a sessão, Abílio chegou a fazer ameaças. "Minha meta não é ficar aqui, minha meta é tirar vocês daqui. Tirar Nadaf, o Juca, o Renivaldo, o Saad, o Xavier, Luis Claudio, Misael, Marcrean, Veloso, o Adevair. Eu poderia ter judicializado esse processo muito antes para não chegar a esse ponto, mas quero expor vocês. A sociedade verá a podridão que vocês são", disparou. 

Dois meses depois, veio a primeira vitória de Abílio. No dia 6 de maio, a Justiça atendeu ao pedido do parlamentar e o reconduziu ao cargo de vereador. A decisão foi do juiz juiz Carlos Roberto de Barros Campos, da 4ª Vara de Fazenda Pública de Cuiabá. 

Perdas familiares

Em julho, o vereador perdeu o avô, o pastor Sebastião Rodrigues para a Covid-19. À época, o enterro do líder religioso chegou a atrair uma multidão para a cerimônia fúnebre. O tio do parlamentar, Rubens Siro de Souza também não faleceu devido às complicações da Covid. Em agosto, Abílio perdeu a sogra, Maria Regina Avanzo, vítima de infarto. 

Reproduçao

Abilio Jr

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Mesmo com as perdas famíliares, Abílio decidiu não desistir da corrida eleitoral. Segundo o vereador, a decisão foi fruto de uma conversa com a esposa que o apoiou na candidatura. No mesmo dia o vereador revelou que o filho, Sebastian, que nasceu durante a campanha eleitoral, portava uma deficiência conhecida como "lábio leporino". 

"Conversei com minha esposa, falei que será muito difícil, vão me ofender, caluniar, vão destruir nossa vida moral, não estamos enfrentando um inimigo comum, estamos enfrentando um cara que tem muito dinheiro, um cara que pegou muito dinheiro do paletó", comentou Abílio.

Em setembro, após as convenções partidárias, o nome de Abílio Júnior foi oficializado na disputa à prefeitura de Cuiabá. Felipe Wellaton, do Cidadania, ficou com o posto de vice. 

Eleições 

No primeiro turno das eleições Abílio já começou se destacando com um discurso contra o atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro. Outro apelo de Abílio e Wellaton era a campanha "franciscana" feita com poucos recursos. 

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abilio e wellaton

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A primeira temporada da campanha também foi marcada pela polêmica entre Abílio e Gisela Simona, candidata pelo Pros. Em um debate da TV Gazeta, Abílio afirmou que a candidata era boa "mesmo sendo mulher". Gisela chegou a usar a fala em suas inserções no rádio e na TV, acusando o vereador de machismo. 

"Esse candidato foi beneficado por uma música que não foi construída para ele", dispara filho de Gonzaguinha sobre apropriação irregular de Abílio

Outra polêmica envolvendo Abílio veio de longe, quando o filho do músico e compositor Gonzaguinha, Daniel Gonzaga, reclamou sobre o uso indevido de uma canção do seu pai na propaganda do candidato. "E vamos à luta", de autoria de Gonzaguinha e propriedade de Daniel, vinha sendo usada sem autorização no jingle de campanha de Abílio e Wellaton. 

A música, que se tornou conhecida pelo verso "eu acredito é na rapaziada",  foi veiculada aos vídeos da campanha de Abílio com pequenas alterações.  Em um dos trechos, a canção cita o nome do candidato à prefeitura e o vice, Felipe Wellaton. "Eu ponho fé na coragem dos caras, que enfrentam as feras, Abílio e Wellaton", diz. 

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Mesmo polêmico, Abílio chegou ao segundo turno em primeiro lugar com 90.631 mil votos (33,72%), enquanto Emanuel ficou em segundo lugar com 82.367 mil votos (30,64%). 

Segundo turno

No segundo turno, a primeira pesquisa Ibope deixou o candidato ainda mais confiante. A pesquisa mostrava a vitória de Abílio sobre Emanuel por 48% contra 40% dos votos válidos. 

Divulgação

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Na segunda fase das eleições, Abílio também conquistou apoios importantes, como o de Gisela Simona, que saiu do primeiro turno em terceiro lugar. Mesmo tendo se envolvido em desentendimentos com Abílio, a servidora pública minimizou o machismo e afirmou que o vereador era a melhor opção devido à luta contra a corrupção. 

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O governador Mauro Mendes (DEM), que havia apoiado Roberto França (Patriota) no primeiro turno, também fechou aliança com Abílio. 

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Durante o segundo turno, o parlamentar também foi alvo de ataques. O adversário, Emanuel Pinheiro, acusou Abílio de ter ligação com a madrasta, apontada como suposta funcionária fantasma na Assembleia Legislativa do Estado (ALMT). O vereador também foi acusado de desviar recursos da igreja Assembleia de Deus.

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Na reta final da campanha, Abílio declarou guerra à imprensa e chegou a se recusar a responder perguntas. O vereador também afirmou que veículos de imprensa eram "comprados" por Emanuel Pinheiro. No debate da TV Vila Real, Abílio chegou a ameçar ir embora diversas vezes. 

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Também na reta final, o Ibope passou a apontar o crescimento de Emanuel Pinheiro na disputa e apesar do protagonismo que acompanhou Abílio durante todo o período eleitoral, o vereador acabou perdendo para o atual prefeito. 

No dia 29 de novembro, Emanuel foi reeleito à prefeitura de Cuiabá com om 135.871 mil votos (51,15%), contra 129.777 (48,85%) de Abílio, uma diferença de pouco mais de 6 mil votos.

Logo depois do resultado, Abílio agradeceu os votos e disse que não queria a vitória que "a turma do paletó conseguiu".

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"Essa vitória que a turma do paletó conseguiu, da forma que ele conseguiu, não é a vitória que a gente quis. A gente quis o certo pelo certo, não vale a pena conquistar a vitória do jeito que vocês conquistaram. A gente sabe que foi muito dinheiro, uso da máquina pública e coerção. A gente encaminhou à Justiça, mas justiça que vem tarde não é tão justiça assim", alfinetou.