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Fora esses empecilhos para a criação literária espontânea, leve e agradável aos sentidos, capaz de sensibilizar almas, amanheci com meus ouvidos azucrinando grilos, agradavelmente encharcado e de “porre” que estou por beber até às tantas da poesia de Manoel de Barros, outro grande da poesia, e bem nosso, cuiabano da gema, que dá vontade de abraçá-lo carinhosamente. E se dotes musicais eu tivesse, em sinal de gratidão por tê-lo ao nosso lado, fazer como a grande cantora, e bugra argentina Mercedez Sosa, quando entoa “Gracias a la vida que me ha dado tanto”...
Prosseguindo com Neruda, além de poeta de primeira grandeza, era inspirado construtor de frases tão enxutas quanto belas e singulares. Tinha o poder da síntese, quando queria ser econômico no uso do verbo, e sabia se alongar na escrita, quando precisava expor seus pensamentos, geralmente interessantes e originais. Através da prosa e, principalmente da poesia.
E sabendo fazer isso sem ter que apelar para o expediente de “encher linguiça” para preencher o vazio do branco do papel de antes ou da tela do computador de hoje, onde tento “cozinhar” neste sábado - coincidentemente Dia da Língua Nacional, aliás, pouquíssimo lembrado como data comemorativa do idioma pátrio - o artigo para ser servido neste domingo aos leitores que me agraciam com a paciência e generosidade da leitura.
Natural do Chile, onde veio ao mundo em 1904, foi batizado com o prosaico e comprido nome de Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto. Filho de operário de ferrovia e de mãe professora primária do interior do seu país, que faleceu poucos dias depois do parto. Teve infância modesta, como muitos que têm o mesmo berço como origem econômica e social.
Ainda na adolescência, época em que começou a escrever precocemente crônicas e poesias, teve a maturidade e o bom senso de mandar às cucuaias o nome de registro oficial e adotou o pseudônimo de Pablo Neruda, em homenagem ao escritor checo Jan Neruda e o poeta Frances Paul Verlaine, aos quais ele já cultuava no alvorecer da existência. E que utilizaria durante toda a vida, tornando-se seu nome legal, após ação de modificação do nome civil.
Neruda partiu cedo, em 1.973, vindo a falecer em sua terra natal, após percorrer mundo e colher prêmios e reconhecimento internacional por sua obra, como o Prêmio Nobel da Literatura, láurea que recebeu em 1971. Faleceu aos 69 anos de idade e no ápice da sua criatividade.
Segundo Isabel Allende, que também escreve bem, filha de Salvador Allende, presidente então do Chile eleito democraticamente e deposto por um golpe militar no mesmo fatídico 1973 , Neruda morreu mais vitimado pelo desgosto e a tristeza do que propriamente pelo câncer que lhe corroia a próstata. Por ver sucumbir pela força das armas o projeto socialista e constitucional de construção de uma sociedade mais igualitária em seu país.
Desilusão mata.
(*) MÁRIO MARQUES DE ALMEIDA é jornalista. www.paginaunica.com.br. E-mail: [email protected]
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