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Artigos Quinta-feira, 19 de Maio de 2011, 22:37 - A | A

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Quinta-feira, 19 de Maio de 2011, 22h:37 - A | A

Vida além da morte

É lamentável termos que presenciar o que está acontecendo não apenas no Pronto Socorro de Cuiabá, mas praticamente em todas as unidades hospitalares públicas por este Brasil afora.

JUACY DA SILVA

Arquivo Pessoal
Na última terça feira, 17 de maio corrente, o influente jornal The New York Times, além da reportagem e foto do até então todo poderoso chefão do FMI Dominique Strauss-Khan, com algemas e tudo, demonstrando que aqui a igualdade de todos perante a Lei é um fato, que os poderosos não têm foro privilegiado e nem segredo de justiça, também no caderno “Science Times” trouxe uma extensa reportagem digna de um roteiro de filme. É a história de um carpinteiro e pastor de uma Igreja evangélica de New York nascido na Guatemala há 38 anos e naturalizado norte-americano há alguns anos.

Lendo a reportagem é difícil conter a emoção ao ver tamanha solidariedade daquele imigrante, sua esposa e seus três filhos de 5, 11 e 18 anos. Júlio Garcia era seu nome e Mirtala Garcia é a viúva em torno de quem a reportagem se passa.

Júlio sofria de um problema congênito no cérebro que provocava constantes dores de cabeça e enxaqueca. Numa dessas ocasiões há pouco mais de duas semanas acabou sendo levado para o Hospital Presbiteriano de NY e depois de entrar em coma profundo por dois ou três dias foi declarada a sua morte encefálica. Consultando-se a esposa, depois de dialogar com seus filhos e demais parentes, a mesma autorizou que a equipe de transplantes do hospital retirasse vários dos órgãos de Garcia para que os mesmos pudessem ser transplantados em pacientes que estavam na lista/fila de espera, dois dos quais amigos de Júlio que haviam recebido a doação em vida.

A reportagem gira em torno da reunião entre a família de Júlio e quatro dos oito receptores que puderam ter suas vidas salvas e prolongadas por este ato de solidariedade e amor daquela humilde família. Sebastião Lourenço recebeu o coração, Jô Ann parte do fígado; Edward Santos um rim, Thomaz o pulmão esquerdo, Braylen Benitez outra parte do fígado, Milva Palma recebeu o outro rim e dois anônimos receberam o pâncreas e as córneas.

Desnecessário é dizer que para Mirtala, a viúva, a luta que já era difícil agora está se tornando mais complicada. Para prover o sustento de sua família, sem a renda do ex-marido, terá que trabalhar mais ainda para pagar aluguel, providenciar comida e atender outras necessidades como alimentação, transporte, saúde, enfim, tudo que uma pessoa vivendo em uma cidade grande necessita. Mirtala para conseguir dinheiro suficiente para tais encargos trabalha com limpeza doméstica.

Mesmo em meio a tanto sofrimento e privações a família tem encontrado forças para seguir em frente e tendo ânimo até mesmo para aprofundar as demonstrações de solidariedade e amor ao próximo. Foi esta força interior que impulsionou a viúva e seus três filhos a se encontrarem com Sebastião e a colocarem as mãos em seu peito e abraçarem aquele sobrevivente graças ao coração de Júlio que ali continuava a pulsar. A foto estampada não deixa dúvida de que a doação de órgãos é um ato supremo de amor.

A reportagem contou com o apoio da rede de doadores de órgãos de New York e da rede de doadores de órgãos da América, esta última localizada na cidade de Richmond em Virgínia. Cá com os meus botões fico imaginando que em todos os países existem centenas de milhares de pessoas que estão na fila de transplantes, muitas das quais entre a vida e a morte, cujas esperanças ficam a cada dia mais remotas diante da falta de doadores.

Diante de gestos tão significativos e plenos de amor ao próximo ainda vemos em nosso país governantes e servidores corruptos participarem na formação de quadrilhas que o roubam os já tão escassos recursos públicos voltados para a saúde. Aí estão as máfias dos medicamentos, das ambulâncias e tantas outras formas aviltantes de tratar de quem necessita da rede pública de saúde, extremamente sucateada.

É lamentável termos que presenciar o que está acontecendo não apenas no Pronto Socorro de Cuiabá, mas praticamente em todas as unidades hospitalares públicas por este Brasil afora. Fico me indagando, será que esses criminosos de colarinho branco ou de qualquer outra cor, que infestam o setor da saúde em nosso país não possuem nenhum fiozinho de amor ao próximo e solidariedade humana? Com a palavra os leitores e eleitores. Afinal, a cada dois anos o povo tem o poder de dar cartão vermelho para governantes ou pretendentes a representantes do povo, mas cujas qualidades éticas,moraes e técnicas deixam tanto a desejar!

(*) JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador do Hipernoticias, no momento nos EUA. E-mail: [email protected].

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