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Terça-feira, 15 de Setembro de 2020, 09h:45

Hábitos Saudáveis 06 - Celebrar

DUMARA VOLPATO

Divulgação

Dumara Volpato

Meu filho um dia fez uma pergunta: O que é celebrar? Celebrar é festejar, comemorar, foi a resposta que ele recebeu. Então ele continuou: Por que devemos celebrar mamãe? E mais que depressa ele mesmo respondeu: Porque estamos vivos,né!

E , usando como diretriz as palavras de uma criança, hoje com muito carinho compartilho com você mais uma reflexão da série hábitos saudáveis: Celebrar

Mas afinal Dumara, o que de fato é celebrar? E como posso fazer disso um hábito?

Quando pensamos em celebração, automaticamente a nossa mente nos faz imaginar festas grandiosas, eventos solenes, mesa de amigos… e sim, tudo isso faz parte dessa ação de celebrar.

Entretanto, se pararmos um pouquinho para pensar a respeito do significado dessa palavra, perceberemos sim que é possível praticarmos essa ação todos os dias, a cada vitória, a cada lição aprendida, a cada ganho e a cada perda.

Celebrar segundo a língua portuguesa é a ação de festejar, comemorar algo, rememorar, por si só a palavra tem a força de alegrar, recordar e homenagear. E, quando conseguimos sintonizar essa ação com o nosso pensamento e o nosso coração, a força que se apresenta é a graça da louvação.

Falei ainda a pouco que podemos ter por prática essa conduta de celebrar, mesmo quando perdemos, a Vida em seu movimento natural nos agracia com chegadas e partidas, e, é muito fácil celebrar um nascimento, a chegada de mais um membro na família, mas e quando nós nos despedimos de pessoas que amamos. De maneira repentina e sem preparação. Se é mesmo possível nos prepararmos para algo assim.

Eu falo de experiência própria, perdi minha mãe a alguns anos atrás de maneira inesperada. Uma senhora jovem, sem nenhum problema de saúde aparente, que descobriu uma doença existente e como consequência disso, em menos de noventa dias deixou este planeta chamado Terra.

Na oportunidade, pude acompanhá-la em seus últimos dias de existência sem saber bem o que fazer, apenas oferecendo a ela meu tempo e meu carinho. Naquele momento eu não entendia muito o que aquela experiência me reservava...em meios a resultados de exames nada favoráveis e pareceres médicos espantosos, me agarrava ao resquício de fé que habitava meu coração… os dias se passaram e com ele a realidade indesejada, minha mãe partiu e com sua ausência a responsabilidade de auxiliar a família que necessitava de cuidados especiais.

Em primeiro momento chorei muito, aliviando as dores que existiam em meu coração, e acredite isso pode ser medicinal. A lágrima escorre no rosto e a limpeza é no coração.

Enfim, depois desse processo breve mais doloroso, percebi que aquela que me deu a graça da Vida e me amava não ia se alegrar me vendo triste e chorando, então me coloquei a pensar e imaginar uma forma de celebrar a sua existência e seus ensinamentos. Foi que percebi quantos motivos haviam naquela situação para celebrar: Eu já estava com 32 anos, e com a graça de ter comigo a presença de minha mãe, ela me viu nascer, crescer, casar e lhe dar dois netos que ela amava. Me viu formar e ganhar uma profissão, me viu chorar e amar. Quantas coisas nos foi permitido por esse período em que vivemos juntas.

Então decidi que para cada palavra de consolo ou dor que recebia daqueles que a conheciam, levaria uma palavra de alegria que ela falava, contaria um acontecido da sua vida, uma lição que havia aprendido com ela, ou falaria do amor e carinho que ela sentia por aquela pessoa. E durante todo o velório dela e seu enterro assim o fiz, e percebi que apesar da dor e das lágrimas que surgiam em meio aos amigos e familiares que ali estavam, apareciam sorrisos e boas lembranças quando conversamos.

Aprendi dessa forma uma das maiores lições que a Vida me presenteou, a celebrar.

Celebrar cada dia, cada momento vivenciado na companhia de quem se ama, até quando nos é permitido. Aprendi a celebrar cada conquista, cada vitória e também as lições que os erros podem ensinar. Aprendi que posso celebrar algo ou alguém com festejos e música, aprendi que posso celebrar através de palavras de carinho e de lembranças.

Aprendi a celebrar em silêncio, na sintonia de uma oração, aprendi a louvar o que existe de mais essencial na vida que é a própria existência.

E aí vamos celebrar também?

 

(*) DUMARA VOLPATO é advogada e Terapeuta em Constelação Familiar com Curso em Hellinger Sciencia pelo Instituto Hellinger do Brasil; Formação em Constelação Familiar pelo Instituto CreSer de Campo Grande – MS; Curso de Aprofundamento em Novas Constelações e Curso de Análise Transacional pelo Instituto de Constelações Familiares Brigitte Champetier; e Praticante Profissional de Cura Reconectiva e Reconexão, pelo The Reconection, Califórnia – EUA. E-mail: [email protected]