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Sexta-feira, 22 de Maio de 2020, 10h:31

Secretário critica “kit Covid-19” com cloroquina e diz que nem o presidente deve prescrever remédio

KHAYO RIBEIRO

O secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, criticou a criação de um “kit Covid-19” proposta pela cidade de Barra do Garças (520 km de Cuiabá). Nesta sexta-feira (22), o gestor disse que a prescrição do fármaco e de qualquer outro medicamento não deve ser decidida pelo governador, por ministros ou ainda pelo presidente da República, mas, sim, pelo médico de cada paciente acometido pela doença.

Reprodução

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Secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo

O uso do medicamento relacionado ao combate da Covid-19 ainda gera muito desconforto entre diversos setores sociais. Até o momento, os estudos sobre o tratamento do coronavírus pela aplicação do fármaco ainda são iniciais e dividem opiniões na comunidade científica. Contudo, mesmo sem nenhuma comprovação final de resultado positivo no combate ao coronavírus, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a distribuição do fármaco em março deste ano. Posteriormente, Mato Grosso recebeu um estoque de três mil comprimidos.

Durante transmissão nos canais oficiais do governo, Figueiredo apontou que  a criação de kits para qualquer tipo de doença pode ser interpretada como uma forma de dirimir a necessidade do acompanhamento médico. “Essa história do primeiro estado a lançar um kit parece brincadeira. Para todas as doenças poderia já ter um kit preparado então, não precisaria nem de fazer um curso de Medicina para analisar sintomas do paciente e prescrever o medicamento ideal para isso. Não concordo com isso, isso é algo nocivo para a população que vende a imagem de que é uma solução segura, mas não é”, apontou o secretário.

A prefeitura de Barra do Garças apresentou um protocolo de medidas na terça-feira (19) no qual dois kits serão distribuídos à população, sendo que em um destes há a presença da cloroquina. Durante a live, o secretário negou que o estado de Mato Grosso tenha implementado uma política de distribuição do fármaco para a população, reforçando que os comprimidos recebidos foram repassados às unidades de referência para serem utilizados, quando julgado necessário, em pacientes com o quadro agravado pela Covid-19

“Essa é uma responsabilidade dos médicos, o medicamento está a disposição de todos nossos hospitais de referência. Então, não há neste momento impedimento no estado de Mato Grosso de se utilizar. Médico que entender, à luz do diagnóstico do paciente, das comorbidades que tem, o risco da administração seja positivo ou negativo ele toma essa medida se o paciente estiver lúcido ele pode tomar em pleno acordo com o paciente e se ele não estiver lúcido em pleno acordo com os familiares”, apontou Figueiredo.

Com fala enfática sobre o tema, o secretário reforçou que a decisão de aplicação do medicamento não está sob sua responsabilidade. “Então, não é o governador, não é o secretário, não é o ministro e não é o presidente da República que prescreve remédio para o tratamento da Covid ou para nenhuma outra enfermidade”, finalizou.