Mulheres e homens realizaram na noite desta terça-feira (21) manifestação contra a contratação do ex-goleiro Bruno Fernandes, de 35 anos, pelo Clube Esportivo Operário Várzea-grandense (CEOV). O atleta foi condenado na Justiça mineira a mais de 20 anos pelo sequestro, assassinato e ocultação de cadáver da ex-namorada e modelo Eliza Samúdio.
O ato ocorreu na entrada do Estádio Municipal Dito Souza, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, antes e durante a realização do jogo do Operário contra o Poconé no Campeonato Mato-Grossense de 2020. Ao som de tambores e com cartazes, os manifestantes gritavam "quem contrata um feminicida apoia o feminicídio". Enquanto isso, um carro de som dava suporte para os manifestantes e circulava lentamente ao redor do estádio.
A procuradora do Estado e presidente do Conselho Estadual da Mulher, Glaucia Amaral, disse que o ato não era contra a ressocialização de Bruno, mas "contra o retorno dele à condição de ídolo". Segundo ela, as manifestações contra a contratação do goleiro não acabam com o ato em frente do estádio em Várzea Grande. "Faremos outras intervenções", antecipou. O conselho pediu reunião com os dirigentes do clube, mas ainda não obteve resposta.
Já o vice-presidente da torcida organizada da Força Jovem do Operário, Leonardo Castro, afirmou que não iriam se manifestar sobre a contratação de Bruno, mas "apoiar o time, independentemente de quem vista a camisa do clube". Segundo ele, a "história do clube é linda e não será prejudicada pois o Operário é maior que o jogador".
Negócios à parte
Após a contratação do atleta pelo Operário de Várzea Grande, a Eletromóveis Martinello, patrocinadora do Campeonato Mato-grossense de Futebol de 2020 apontou que não permitirá que a imagem da empresa seja vinculada ao uniforme do time ou, ainda, que esteja disponível em painéis próximos a locais de entrevistas.
“Em nossa empresa promovemos a igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres. Seguiremos acreditando e investindo nos valores essenciais do esporte, cumprindo o nosso papel social de incentivar o desenvolvimento humano através das práticas esportivas”, se posicionou a empresa por meio de nota.
Conforme noticiado pela reportagem na segunda-feira (20), o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi), que também é patrocinador do campeonato, informou que também retirará a logo da empresa dos uniformes.
No entanto, a cooperativa mantém apoio financeiro com a Federação Mato-Grossense de Futebol (FMF) e o campeonato deste ano.
“Esclarecemos que o patrocínio do Sicredi é com a Federação Mato-Grossense para o Campeonato Estadual de Futebol 2020 e não contemplará o clube esportivo Operário Várzea-Grandense”.
O Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso repudiou, em nota, a contratação do goleiro. Segundo o comunicado, "trata-se de alguém que demonstrou profundo ódio e total desrespeito às mulheres ao tratar dessa forma cruel e bárbara aquela que seria a mãe do seu filho".
O Núcleo Feminino da Força Jovem Operário também se manifestou. Em nota, disse que "aceitar a contratação dele de forma tranquila é naturalizar e ser conivente com as opressões que lutamos. No Brasil, uma mulher é morta a cada duas horas vítima de violência".
Antes do Operário Várzea-grandense acertar com Bruno, foi divulgado que o Cuiabá Esporte Clube estaria negociando com o atleta. Entretanto, a informação foi negada pelo time.
(Com Agência Estado)
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