O juiz Marcos Faleiros, da 11° Vara Militar de Cuiabá, iniciou neste momento a audiência de julgamento de cinco militares suspeitos de estarem envolvidos no esquema de interceptações telefônicas ilegais em Mato Grosso, denominada "Grampolândia Pantaneira".
Serão ouvidos, o coronel PM Lesco, coronel PM Zaqueu, coronel PM Ronelson Barros, tenente coronel PM Januário e o cabo Gérson.
Além desta quarta-feira, as audiências deverão ser realizadas na quinta-feira (7) e sexta-feira (8), a partir das 13h30.
Arapongagem
O caso das interceptações telefônicas clandestinas emergiram há três anos, e tiveram como principal mote uma denúncia do promotor de Justiça Mauro Zaque, que deixou a Secretaria de Segurança Pública do Estado. Ele revelou o caso, levando-o ao conhecimento do então governador Pedro Taques.
Segundo a denúncia, policiais militares e integrantes da cúpula do Governo do Estado mantinham escutas telefônicas grampeando as linhas de políticos, empresários, juízes e jornalistas.
Para conseguir autorização judicial, os números eram anexados a uma lista para interceptação de pessoas investigadas por tráfico de drogas na Comarca de Cáceres. O esquema também era conhecido como “barriga de aluguel”.
Atualizada às 14h35
A audiência registrou um desentendimento entre o advogado do cabo Gerson, Eurolino Sechinel dos Reis, e o promotor Allan Sidney do Ó. O motivo da discussão teria sido o fato de o promotor ter feito uma pergunta a Gerson e o advogado argumentou que, caso pergutado, seu cliente precisaria do direito à resposta.
Atualizada às 14h42
O promotor de Justiça Allan Sidney do Ó iniciou seu depoimento e disparou que o ex-governador de Mato Grosso, Pedro Taques, poderia ter sido eleito por conta do escritório. "Eu não afirmo, mas não descarto a possibilidade de então o governador Pedro Taques ter sido eleito por causa do escritório", disse Allan Sidney do Ó.
O promotor argumenta que, em 2014, Taques tinha ligação direta com o escritório e, por conta disso, foi eleito governador. Contudo, em 2018, não conseguiu se reeleger por conta de o escritório já estar desarticulado.
Luis Vinícius/HiperNotícias
Coronel Lesco, à esquerda, coronel Zaqueu, no centro, e coronel Barros, à direita
Atualizada às 15h21
Desde o início da sessão, o coronel Zaquel não encarou em momento algum o promotor de Justiça. De olhos fixos, o agente de segurança só observa o que está a sua frente.
Atualizada às 15h25
Durante seu apontamento, o promotor de Justiça relacionou a eleição de Taques com a ascenção de Zaqueu na carreira militar. "A vitória do Pedro Taques favoreceu, e muito, Zaqueu a se tornar comandante geral da Polícia Militar de Mato Grosso", disse Allan do Ó.
Atualizada às 16h11
O promotor de Justiça pediu a condenação dos coronéis Zaqueu e Lesco baseado no artigo 169 do Código Penal Militar, que dispõe sobre ação militar ilícita - isto é, quando uma ação é realizada sem autorização de superiores.
O promotor reiterou também que a condenação do cabo Gerson deve ser baseada nos artigos 311 e 312 do Código Penal Militar - que apontam, respectivamente, sobre falsificação de documento e falsidade ideológica.
Allan do Ó acrescentou ainda um pedido de absolvição para os coronéis Barros e Januário.
Atualizada às 16h48
Em continuidade com sua argumentação, o promotor lê o inquérito policial feito pelo coronel Jorge Catarino, da reserva.
Os advogados da vice-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Janaina Riva, e da jornalista Larissa Malheiros acompanham a sessão.
Atualizada às 17h11
O promotor subiu o tom de voz ao argumentar sobre o caso e chamou o esquema de grampos de nojento. "É feio para o homem comum e é horrível para o promotor de Justiça. Advogados tiveram suas intimidades reveladas. É evidente que o núcleo afetou a eleição, mas foi crescendo e se não fosse desmantelado hoje seria maior", apontou Allan do Ó.
Ele acrescentou ainda que: "A coisa difícil nesse pais é entender que a lei é para todos, doa a quem doer".
Atualização às 17h19
"Eu vou olhar nos olhos dos senhores [coronéis e juízes] eu estou fazendo a minha parte [enquanto representação da Justiça]", apontou o promotor.
Atualização às 17h34
O promotor de Justiça encerra sua fala ao declarar que o caso foi um dos mais triste da história da Polícia Militar de Mato Grosso. Após a fala de Allan do Ó, a sessão entrou em recesso.
Atualizada às 18h18
Luis VinÃcius/HiperNotÃcias
Defesa do coronel Januário
A sessão foi retoma com a fala da advogada de defesa do coronel Januário, Tenaressa Aparecida Araújo Della. “ Ministéri Público não deu o respeito aos advogados. O meu cliente nao teve vida fácil. Desde quando isso surgiu no Fantástico, a vida funcional foi jogada às traças", disse a advogada de Januário.
Ela acrescentou ainda que não há provas de que seu cliente tenha cometido qualquer tipo de crime quando levado em consideração o inquérito policial do coronel Jorge Catarino.
"Nenhum dos militares presentes disse que meu cliente deu ordem. Qual é a conduta criminosa neste caso? nenhuma", disse a advogada.
"Meu cliente sequer sabia dessa Operação Granpolândia Pantaneira. Meu cliente foi preso, mesmo se ele for absolvido, como fica a carreira dele? O inquérito policial militar foi bem feito? parte do meu cliente nao", disse a delegada.
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