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Segunda-feira, 16 de Setembro de 2019, 15h:00

"Pegamos um Estado na UTI", dispara líder do DEM; partido terá candidato em 2020

FERNANDA ESCOUTO

Marcos Lopes/HiperNotícias

Beto Dois a Um

Beto é chefe de gabinete do governador e presidente municipal do DEM

"Pegamos um Estado extremamente endividado, com aproximadamente R$ 3,5 bilhões de restos a pagar", a declaração é do chefe de gabinete do governador Mauro Mendes, e presidente municipal do DEM, Alberto Machado, mais conhecido como "Beto dois a um".

Em entrevista exclusiva ao HNT/ Hipernotícias, ele falou sobre as dificuldades do Estado, comentou sobre sua atuação no DEM e afirmou que a legenda irá, de fato, lançar um candidato próprio ao pleito do próximo ano, quando ocorrem as eleições para prefeitos e vereadores.

Beto também comentou sobre a relação estremecida entre Mendes e o prefeito da Capital Emanuel Pinheiro (MDB), além das recentes crises entre o governador e os setores do agronegócio, indústria, comércio e servidores públicos.

Confira a entrevista na íntegra:

HNT/ Hipernotícias- O ex-governador Júlio Campos (DEM) admitiu em entrevista ao site que seria candidato, numa possível eleição suplementar ao Senado, caso o processo de cassação da senadora Selma Arruda (PSL) seja definitivamente julgado. Como presidente municipal do DEM, como você avalia essa possibilidade?

Beto Machado- Júlio e Jayme Campos são personagens históricos do DEM. O Júlio, sem dúvida, é um nome credenciado a fazer uma candidatura com grande vigor, com grande possibilidade de êxito, mas acho que está um pouco cedo, pois as coisas ainda estão andando e tudo pode acontecer. A partir do momento que, para prefeito de Cuiabá, o DEM tem uma quantidade enorme de possíveis candidatos, não é diferente no Senado.

HNT/ Hipernotícias- Há uma possibilidade de o partido apoiar Carlos Fávaro (PSD) na disputa ao Senado na eleição passada?

"Fora o nome do Júlio Campos, temos para o Senado o Fábio Garcia, Eduardo Botelho, Rogério Gallo, Gilberto Figueiredo e o Mauro Carvalho"

Beto Machado- Em um primeiro momento, acho que o DEM vai olhar para dentro do partido e tomar suas definições com relação a isso. O Fávaro teve junto nessa campanha vitoriosa do governador Mauro Mendes (DEM), mas aquele foi um outro momento. E eu acho que o DEM tem a total possibilidade de ter "candidato. Como vai ser? Não foi discutido ainda, mas temos grandes nomes. Fora o nome do Júlio Campos, temos para o Senado o nome do nosso presidente estadual Fábio Garcia, o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa Eduardo Botelho, temos Rogério Gallo (secretário de Fazenda), Gilberto Figueiredo (secretário de Saúde), Mauro Carvalho (chefe da Casa Civil). Nosso time é grande, mas não discutimos internamente isso ainda.

HNT/ Hipernotícias- As eleições de 2020 para a Prefeitura de Cuiabá devem contar com um candidato próprio do DEM, como já adiantou o presidente estadual Fábio Garcia. Como está esse diálogo interno?

Beto Machado- O DEM tem essa convicção. Já fizemos uma reunião no partido há algumas semanas, na sala do deputado Botelho, onde estavam Jayme, Júlio e outros integrantes da executiva municipal e estadual do DEM. Lá ficou decidido que o partido, pela qualidade dos seus quadros, irá disputar uma campanha majoritária.

HNT/ Hipernotícias- Existe a possibilidade do deputado Eduardo Botelho ser o candidato à Prefeitura de Cuiabá ou a de Várzea Grande?

Beto Machado- Já conversamos sobre isso. Botelho é meu amigo e eu não vejo, nesse momento, ele saindo da Assembleia, deixando a presidência da Casa para disputar eleição. Mas é um grande nome, tem conhecimento, seria um nome formidável. Falta muito tempo para a eleição, e precisamos ver como será construído o cenário. Temos bons nomes. Em 2016, o Fábio Garcia quase foi candidato a prefeito, mas acabamos apoiando na época a

"O Mauro pode não gostar do Emanuel e vice-versa, mas o que tem que ser feito pelo Estado, será feito. Isso é um problema deles e não um problema de gestão"

candidatura do Wilson Santos, que fazia parte de outra legenda. Nessa disputa, colocamos o vice Leonardo de Oliveira, que era integrante do nosso partido. Resumindo, acho que temos bons nomes e um partido se faz no coletivo, se faz um grupo.

HNT/ Hipernotícias- E há possibilidade do senador Jayme Campos sair a prefeito de Várzea Grande, nas eleições de 2020?

Beto Machado- Não imagino uma situação dessa, pessoalmente falando. O Jayme está em um mandato sólido, com muita coisa para fazer. Ele foi importantíssimo nessa questão da autorização do empréstimo do Governo do Estado junto ao Banco Mundial. Acho que ele está fazendo um trabalho brilhante em Brasília.

HNT/ Hipernotícias- Você como presidente municipal da sigla, como enxerga essas trocas de farpas entre o governador Mauro Mendes e o prefeito da Capital Emanuel Pinheiro?

Beto Machado- Na verdade, acho que tem um grande mal-entendido, um telefone sem fio gigantesco que dificulta essa comunicação. Uma coisa eu tenho certeza, não acredito que nada pessoal interfira nas administrações. O Mauro pode não gostar do Emanuel e vice-versa, mas o que tem que ser feito pelo Estado, será feito. Isso é um problema deles e não um problema de gestão.

HNT/ Hipernotícias- A eleição para vereador requer uma chapa pura. Quantos candidatos o DEM pretende lançar?

Beto Machado- Vamos ter uma chapa pura muito forte. Vamos ter o espaço para as mulheres e estamos trabalhando para ter um grupo qualificado. O DEM, desde 2004, não elege vereador. O último foi o Luiz Marinho, irmão do Eduardo Botelho. Precisamos sair desse histórico de que o DEM está errando a mão em Cuiabá. Eu estou trabalhando para poder construir uma chapa forte para que dê sustentação à nossa candidatura. Tudo é uma questão de prioridade e agora o DEM vai priorizar Cuiabá. Acho que antes não era assim e minha função é essa: construir um partido forte na Capital.

"O último vereador do DEM foi Luiz Marinho, em 2014. Precisamos sair desse histórico de que o DEM está errando a mão em Cuiabá"

HNT/ Hipernotícias- Você tem ocupado diversos cargos de confiança na administração pública. Tem interesse em disputar um cargo eletivo e qual seria?

Beto Machado- Creio que não. Uma certeza maior ainda é que a vereador eu não saio. Acho que não fica legal, eu sendo presidente municipal do DEM, coordenador da chapa de vereadores, sair a candidato. Fica desproporcional. Estou feliz na minha função de conduzir o DEM, estou lisonjeado. O DEM é um partido grande, com muitos representantes fortes e históricos e eu sou relativamente novo na política. Eu estou muito satisfeito com a minha posição.

HNT/ Hipernotícias- Você é chefe de gabinete do governador Mauro Mendes. A relação dele com o agronegócio ficou estremecida após a aprovação do Projeto de Lei Complementar 53/2019, que prevê a reinstituição e revogação de incentivos fiscais às empresas no Estado?  

Beto Machado- Na minha visão essa relação não ficou estremecida. É óbvio que é uma discussão. Houve um desgaste, mas faz parte. Houve mudanças, ninguém quer enfrentar, ninguém gosta. Mas o governador, quando se elegeu, sabia dos problemas que iria enfrentar e tinha leitura sobre o que estava acontecendo no Estado e disse que todos os segmentos teriam que fazer sua parte. Não é só o agro, há pouco tempo enfrentamos os servidores da Educação, numa greve gigante. O governador não deu aumento aos professores porque não tinha possibilidade, espaço fiscal e nem dinheiro. Mendes não faz ou deixa de fazer coisas por birra ou ‘achômetro’. Ele tem convicção das coisas, por isso ele toma decisões que nem sempre são as mais agradáveis. Me lembro que, durante a discussão do projeto de incentivos fiscais, ele trocou conversas ríspidas com o Gustavo Oliveira

"O governador, quando se elegeu, sabia dos problemas que iria enfrentar (...) Não é só o agro, há pouco tempo enfrentamos os servidores da Educação, numa greve gigante"

[presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso], que é amigo dele. Mas naquele momento ele estava sendo o governador do Estado, não estava contra o agro, a indústria, o comércio ou os servidores. Temos um Estado endividado, todos precisam ajudar.

HNT/ Hipernotícias- Se fala muito na situação financeira de Mato Grosso. Assim que tomou posse no Palácio Paiaguás, o governador decretou calamidade financeira visando equilíbrio de contas e regularização fiscal. Qual foi o cenário encontrado pela atual gestão?

Beto Machado- Pegamos um Estado extremamente endividado, com aproximadamente R$ 3,5 bilhões de restos a pagar, segundo a Secretaria de Fazenda. Nós estamos falando de servidores que não receberam o 13° salário, e o Estado parcelou em quatro vezes. Temos dificuldade em pagar a folha em dia, estamos pagando parcelado. Pegamos um Estado na UTI. Os repasses aos municípios atrasados, a Saúde parando, as viaturas da polícia parando, a Educação estava um caos, a imprensa nacional falando das ‘escolas de lata’. Pegamos um Estado desajustado, e o Mauro foi rápido e eficaz.

HNT/ Hipernotícias- O governo tenta aprovar na Assembleia Legislativa, o projeto “Cota Zero”, que trata da moratória da pesca com proibição do transporte e comercialização dos peixes nativos dos rios de Mato Grosso pelos próximos cinco anos. O projeto tem causado muita polêmica, qual a sua opinião sobre isso?

Beto Machado- Eu acho esse debate fabuloso. O governo Mauro Mendes não é aquele tipo de gestão ‘fiz a lei e acabou’. Você pode ver pela lei dos incentivos. Vivemos épocas em que o projeto saia do Palácio Paiaguás, do jeito que chegava na Casa de Leis, tinha que ser aprovado. Claro que temos o nosso ponto de vista, mas o debate é aberto. A função do projeto ‘Transporte Zero' é impedir o transporte e isso não te impede de pescar. Você pode pescar, pode consumir uma quantidade de peixe que está delimitada no projeto. Você só não pode transportar. Estamos perdendo os peixes, que estão escassos nos rios, e isso é um fato. Não podemos ficar de braços cruzados. O pescador esportivo pode passar o dia pescando, não tem problema. Já para o pescador profissional, a sugestão é um recadastramento. Vamos entender quem são esses profissionais e vamos debater esse assunto, entretanto temos que abrir a cabeça.