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Quinta-feira, 04 de Julho de 2019, 08h:28

Medeiros: "Jean chamou Bolsonaro de bicha velha e ninguém se indignou"

Deputado José Medeiros alega que não está sendo processado no Conselho de Ética por ter usado o termo "parceiro sexual", em pergunta para marido de Davi Miranda."E porque chamei um vagabundo de vagabundo"

PAULO COELHO

O deputado federal José Medeiros (Podemos), alegou não ter qualquer receio quanto à proposta de abertura de processo disciplinar contra ele, na Comissão de Ética da Câmara Federal . Há duas alegações para acionar Medeiros nessa Comissão. A primeira se deu em abril, em plenário, quando o mato-grossense  se desentendeu com o deputado Aliel Machado (PSB-PR) que, na ocasião, classificou, de forma genérica, os parlamentares de ”ladrões”.  Presente na sessão, Medeiros reagiu e partiu para cima de Aliel, chamando-o de “vagabundo”. Por pouco não houve agressão física.

Divulgacao

medeiros e  wyllys

 Medeiros x Wyllys: "Homofobia vale pra quem é de Direita e de Esquerda"

A segunda e, mais polêmica situação, ocorreu há cerca de 10 dias, quando do depoimento do jornalista Gleen Greenwald, editor do The Intercept Brasil, à Comissão de Direitos Humanos da Câmara, na qual Medeiros fez vários questionamentos de cunho pessoal ao depoente, inclusive, classificando-o como “parceiro sexual” do deputado federal Davi Miranda (PSOL-RJ), com quem o jornalista é casado. O presidente da Comissão de Ética é o deputado capixaba Helder Salomão (PT)

“O PT pedir minha cassação é a coisa mais comum, não existe nenhuma novidade nisso. O PT e seus puxadinhos têm como premissa atacar o que puder e com a máxima violência. Eles têm a tônica que é ocupar o máximo de espaço na mídia, por isso que eles fazem o máximo de barulho e se você retrucar um xingamento, eles te processam”, disse o parlamentar, em entrevista ao HNT/HiperNoticias, descartando, porém, que ele pode ter que responder na Comissão Ética apenas pelo primeiro caso, o do xingamento ao deputado Aliel, do Paraná.

“Ficou só [a queixa] relacionada lá ao deputado do Paraná.  Foi só isso. Se atiçaram na hora e depois desistiram, porque eu falei: pode entrar aí,  eu já vou mostrar o que vocês também têm feito de quebra de decoro, pois, se pegar o regimento, quase tudo dá quebra de decoro, argumentou , enfatizando que a alegação sobre o termo” parceiro sexual”, não está sendo alvo de abertura de processo disciplinar.

José  Medeiros lembrou que recentemente o ex-deputado federal Jean Wyllys  (PSOL) teria usado a mesma prática, considerada “homofóbica” pelos parlamentares que estão condenado a expressão “parceiro sexual”.

“O Jean [Wyllys] há poucos dias  chamou Carlos Bolsonaro de bicha velha, safada enrustida e não deu uma linha de jornal, ninguém se escandalizou, ficaram todos quietos”, reclamou, admitindo que isso não daria quebra de decoro, porque Wyllys não é mais deputado, “mas isso é  crime, que agora  chamam de racismo”.

Medeiros ainda ponderou que mesmo Jean Wyllys tendo feito essas declarações sobre o filho do presidente Jair Bolsonaro, não implicaria em muita coisa.

Igo Estrela

Gleen

Glenn Greenwald participando de audiência, na Comissão de Direitos Humanos, na Câmara dos Deputados 

“Digamos que o Carlos fosse homossexual, digamos que ele seja. Eles não defenderam o Carlos. Então quer dizer que só tem indignação pra uma bicha de esquerda, não tem por uma de direita?”, indagou o deputado, pondo em xeque a indignação dos partidos de esquerda, que estariam enxergando “homofobia”, somente onde lhes convém.

As críticas e o pedido de cassação feito pelo PT e pelo PSOL, feitas contra ele no Conselho de Ética contra José Medeiros, são vistas por ele como algo positivo.

“Posso dizer,  com certeza, que Mato Grosso está bem representado e eu estou no caminho certo devido a cada pedido de cassação do meu mandato, cada  vez tentam me processar”, emendou, acrescentando que esses deputados, notadamente de esquerda, têm se posicionado contrários a matérias benéficas a Mato Grosso, que tramitam na Câmara.

“Por exemplo, eles querem acabar com a agricultura. Não pode construir estradas, para não agredir o meio ambiente. Ferrovia, a mesma coisa. Então quando eles entram em conflito comigo e pedem minha cassação, isso só mostra a intolerância deles ao contraditório; eles não têm coragem de enfrentar um parlamentar que tenha coragem de enfrentá-los, então, eles não ganham com a força dos argumentos, então, querem ganhar usando os argumentos da força, tentando me desacreditar”, disse o parlamentar, lembrando que, quando fazia perguntas a Gleen, na Comissão de Direitos Humanos, esse o chamava de “senador cassado de Mato Grosso”, uma menção a um processo enfrentado por Medeiros em 2018, que em Mato Grosso resultou na cassação do mandato do então senador José Medeiros que, em instância superior, conseguiu reverter a situação e o processo foi arquivado.

“Eu ficaria sim, preocupado, se eu tivesse sendo processado por ter roubado, feito conluio, conchavo, pego dinheiro do BNDS, tornando um açougueiro o cara dono da maior empresa do mundo, se eu tivesse preso em Curitiba, mas esse blá,blá, blá não me aflige”, argumentou, frisando que não tem receio de ter seu mandato cassado, por indicação do Conselho de Ética, por ter chamado o deputado Aliel Machado de vagabundo, já que segundo ele, “a maioria foi ofendida”.

“Se eu for condenado porque me indignei por causa de um parlamentar que estava falando que todos os deputados estavam pondo dinheiro no bolso, então acabou o mundo, né? O Lula disse que aqui [na Câmara] tem 300 picaretas e não deu nada pra ele. Seria um esculacho um deputado ser condenado ou cassado por ter chamado de vagabundo um vagabundo”, completou.