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Segunda-feira, 18 de Abril de 2011, 16h:13

Tião enfrenta protesto no 2º dia como prefeito e volta a lembrar promessa

Fala que só participou da reeleição porque Murilo Domiongos prometeu 'entregar-lhe' o cargo no final da gestão

LUIZ ACOSTA

Pau e Prosa
Manifestantes do Sintep, MST e CUT foram para frente da prefeitura cobrar soluções imediatas

Em seu segundo dia como prefeito de Várzea Grande, o prefeito Tião da Zaeli (PR), (que recebeu o cargo no início da tarde de sexta-feira do presidente da Câmara de Vereadores, João Madureira, que estava interinamente no poder a 40 dias), teve de enfrentar um protesto, na manhã desta segunda-feira (17) organizado pelo Sintep (Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público) e que ganhou a adesão de outros movimentos como o MST (Movimento dos Sem Terra), CUT (Central Única dos Trabalhadores), CGT (Central Geral dos Trabalhadores), além de movimentos comunitários de vários bairros, que foram pedir mais agilidade do poder público para tirar a cidade da crise administrativa e política em que mergulhou.

 

Zaeli recebeu uma comissão dos representantes no auditório da prefeitura e ouviu pacientemente as reivindicações de cada líder, que eram praticamente as mesmas, pois pediam a recuperação das ruas e avenidas que estão completamente esburacadas, melhoria nos serviços de infraestrutura, coleta de lixo, fornecimento de água, educação e saúde. Em seguida, explicou que só agora está realmente se inteirando da situação da cidade, uma vez que, mesmo na condição de vice-prefeito, jamais foi chamado para discutir os problemas e as possíveis soluções pelo prefeito afastado Murilo Domingos (PR).

“Na campanha da reeleição, eu só aceitei ser candidato porque o Murilo (Domingos) me convenceu de que ela ficaria os dois primeiros anos no governo e eu os outros dois. Chegou até a me perguntar quantos secretários eu queria indicar e eu disse que só queria um cargo, a Secretaria Municipal de Educação, que seria ocupado por minha esposa, considerando o bom trabalho que ela tinha realizado como secretária do Bem-Estar Social. Porém, dois meses depois da eleição ele convocou sua base de apoio na Câmara e mandou mudar a Lei Orgânica do Município (LOM) para impedir que minha esposa pudesse assumir a pasta e, a partir daí, não cumpriu um único compromisso do nosso acordo”, disse Zaeli.

O então vice-prefeito disse que, a partir daí, Murilo Domingos passou a governar apenas com seus amigos mais próximos, entre os quais o irmão, Toninho Domingos, e que ele próprio ficara alijado de qualquer participação na administração do município.

MUDANÇA DE RUMO

Porém, com o afastamento de Murilo Domingos, acusado de improbidade administrativa e a derrubada pela Justiça, por meio do juiz da segunda Vara da Fazenda Pública, José Luiz Lindote, da decisão da Câmara de mantê-lo afastado do cargo, determinando o seu retorno com direito a assumir o cargo de prefeito que vinha sendo ocupado por João Madureira (PSC), Tião da Zaeli disse que vai promover uma mudança de postura na prefeitura de Várzea Grande.

“Essa mudança é para ontem. A cidade não pode mais esperar. As ações precisam ser tomadas e eu garanto que serão. Sou o único que, daqui para frente, não pode errar uma vírgula sequer em Várzea Grande, pois a população não agüenta mais ver essa crise política e administrativa aumentar a cada dia sem que ninguém faça aquilo que é de obrigação do poder público, que é desenvolver ações no sentido de melhorar a vida da população”, argumentou o prefeito.

PRAZOS

Em seguida, pediu aos líderes comunitários que enumerassem as prioridades em cada região da cidade para que a prefeitura atenda de acordo com as necessidades da comunidade, e deu um prazo de 10 dias para que seja desencadeada uma grande operação de emergência para recuperação das ruas e avenidas da área central e dos bairros mais populosos, além do atendimento emergencial aos bairros que estão em condições quase subumanas por causa do esgoto a céu aberto, falta de coleta de lixo, de água tratada, atendimento de saúde e de escolas para atendimento da população escolar.

“Sei que não vou resolver tudo de uma vez, mas, quero deixar claro que vou fazer todo esforço possível. Não pretendo ser carreirista político, não ganho dinheiro com política, não preciso disso aqui para viver. Porém, sou um cidadão como qualquer um de vocês e que também não aguenta mais ver a cidade do jeito que está, por isso, quero contar com o apoio e a participação de cada um dos senhores para que, juntos, possamos mudar a imagem de Várzea Grande”, disse.

RESGATE 

A presidente do Sintep em Várzea Grande, Cida Cortez, que praticamente comandou toda a reunião de líderes com o prefeito Tião da Zaeli, lembrou que a empreitada não vai ser

Pau e Prosa
MST também esteve na Prefetura de Várzea Grande para protestar
das mais fáceis, já que o município enfrenta a pior crise política da sua história e, principalmente moral, com o total descrédito das autoridades. “Se a administração está ruim, não é bom para ninguém, então é preciso trabalhar duro para fazer esse resgate. Se as coisas estão ruins para o prefeito e para os secretários, estão muito piores para o cidadão que deveria estar recebendo os benefícios do dinheiro público e não está”, disse ela.
 
SEM APOIO
 
Durante a reunião de Tião da Zaeli com os líderes comunitários e de entidades, ficou patente que o prefeito está isolado e vai ter que trabalhar sem o apoio da Câmara. Ao contrário do que prometeu o presidente do Legislativo várzea-grandense, João Madureira, na sexta-feira, quando devolveu o cargo a Zaeli, de que os vereadores estavam dispostos a ajudar na solução dos problemas e na administração do município, hoje, só o vereador Baiano Pereira  (DEM) participou da reunião e defendeu o prefeito.  
Alguns manifestantes circularam pela Câmara pela manhã, porém, nenhum se dispôs a enfrentar a situação junto com o prefeito. Nem mesmo João Madureira (PSC) apareceu ou deu qualquer posição sobre o assunto.
 
REIVINDICAÇÕES
 
Alegando estarem cansados dos desmandos e da falta de políticas públicas adequadas para melhor atender a população, as lideranças e representantes de entidades de classe entregaram ao prefeito Tião da Zaeli uma pauta de reivindicações que contém os seguintes itens:
 
1) Participação popular no planejamento, acompanhamento, avaliação e fiscalização de todas as obras e serviços prestados pela administração municipal;
2) Quebra do monopólio do transporte público;
3) Melhoria na Educação, principalmente no piso salarial dos professores e na merenda escolar servida aos alunos;
4) Recuperação de ruas e avenidas com serviço de qualidade e não apenas “operação tapa buraco”
5) Recuperação de 136 bairros em estado de calamidade pública;
6) Recuperação da iluminação pública, esgoto e infraestrutura;
7) Rede de água potável;
8) Ativação imediata do Pronto Socorro Municipal, garantia de funcionamento das policlínicas nos bairros com atendimento em terceiro turno (à noite);
9) Construção do Parque da Cidade para garantir lazer aos munícipes e;
10) Melhores opções de lazer, cultura e esporte para as crianças e jovens, além de incentivo ao trabalho e aoprimeiro emprego.