Em 12 sessões de fevereiro, o dólar caiu somente em quatro, duas delas com leilões extraordinários do Banco Central. Hoje a instituição fez somente o leilão de rolagem de swap, vendendo o lote integral de 13 mil contratos. "O dólar se fortaleceu quase no mundo todo", justificou no final da tarde o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacando que a desvalorização cambial não foi acompanhada de piora da percepção do Brasil, como ocorreu em outros momentos.
O chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ressalta que o quadro atual na economia brasileira e mundial não favorece o mercado de câmbio: incerteza com os efeitos do coronavírus, juros historicamente baixos e projeções de crescimento do Brasil sendo revisadas para baixo. "Nossa relação risco retorno está cada vez menos atrativa para o investidor estrangeiro", disse ele. Nesse ambiente, ele destaca que o mercado fica testando o BC, para ver se ele atua.
Velloni acha que um dólar perto de R$ 4,05 mais seria mais condizente com os fundamentos macroeconômicos do Brasil, mas neste momento de incerteza alta, a moeda não deve voltar para este nível. Hoje, o banco francês BNP Paribas reduziu a previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para apenas 1,5% este ano e vê a taxa básica de juros caindo para 3,50%. O Citi cortou a estimativa do PIB de 2,2% para 2%.
Os economistas do Citi para o Brasil, Leonardo Porto e Paulo Lopes, afirmam que o impacto mais imediato do coronavírus na atividade brasileira é via redução das exportações. Mas eles não descartam uma potencial redução nos fluxos de capital para os mercados emergentes. Menos recursos externos e preços mais baixos das commodities devem manter o câmbio pressionado no mercado doméstico, com o dólar devendo terminar o ano em R$ 4,14, prevê o banco americano. "A epidemia do coronavírus pode ter implicações relevantes para o cenário econômico do Brasil."
No mercado internacional de moedas, divisas fortes e emergentes seguiram testando mínimas em vários meses ante o dólar. O euro era negociado a 1,07 por dólar no final da tarde, voltando aos menores níveis desde abril de 2017. A moeda australiana atingiu o menor valor em dez anos. O diretor em Nova York de estratégia de moedas da BK Asset Management Boris Schlossberg observa que o alerta da Apple provocou uma onda de aversão ao risco, penalizando as moedas na Ásia, Europa e demais emergentes.
(Com Agência Estado)
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER e acompanhe as notícias em primeira mão.