Operadores dizem que o dólar chegando a R$ 4,23 na máxima do dia acabou atraindo ordens de venda, pois agentes acreditam que o Banco Central pode intervir no mercado com a moeda americana nesse nível. Mas a avaliação dos especialistas em câmbio é que, apesar da forte valorização, ainda não há disfuncionalidade no mercado que possa chamar o BC a atuar.
O estrategista-chefe de moedas do banco de investimento Brown Brothers Harriman (BBH), Win Thin, ressalta que a recente depreciação do real colocou a moeda brasileira de volta na "zona de percepção de intervenção" do BC. No ano, o dólar acumula alta de quase 5%, com o real se mantendo no topo da lista de piores desempenhos. Ele observa que recentes intervenções do BC se deram com o dólar na casa dos R$ 4,20, por isso, a maior probabilidade de atuação nesse patamar, embora tenha tido casos nos últimos anos com ações abaixo desse nível.
"A rápida subida do dólar em direção ao patamar de R$ 4,20 não é condição necessária ou suficiente para uma intervenção direta do BC, mas é um forte indicador de que uma ação é provável", observa ele.
"O principal fator hoje que guiou o mercado foi externo, com a preocupação que o vírus pode causar na economia da China, que reverbera nos emergentes", afirma o presidente da corretora BGC Liquidez, Erminio Lucci. A rápida disseminação do coronavírus pegou os mercados caros, com as bolsas em níveis recordes, aqui e lá fora, por isso, ressalta ele, o impacto negativo foi elevado. O vírus já provocou mais de 80 mortes, infectou quase 3 mil pessoas e já chegou em quase 15 países.
No caso de intervenção do BC, Lucci ressalta que o mercado aproveita estes momentos de maior estresse para testar até onde o câmbio vai sem que o BC anuncie alguma intervenção. O fato de janeiro ter menos demanda para remessas no exterior traz alívio, destaca ele. Este mês, o fluxo cambial está positivo em US$ 325 milhões, até o dia 23. O fluxo financeiro está positivo em US$ 1,287 bilhão no período.
(Com Agência Estado)
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