Transitar pelas principais avenidas da região metropolitana de Cuiabá está cada vez mais perigoso. Em quatro meses, nas duas maiores cidades do Estado, 46 pessoas morreram vítimas de colisões ou atropelamentos. Os principais casos envolvem motos e condutores que não possuem Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Além disso, uma estatística da Polícia Civil e Secretaria de Mobilidade Urbana aponta as Avenidas do CPA e Fernando Correa como as mais perigosas.
Alan Cosme/Hipernoticas
Avenida do CPA é a mais violenta para se transitar, confirma delegado e Semob
As ocorrências não são registradas apenas em horários de pico, porém segundo os dados, durante todos os dias da semana e em qualquer horário. Já no fim de semana o problema é outro. A saída da balada é o problema. Os condutores curtem a noite toda, ingerem bebida alcoólica e na saída dirigem. Essa combinação de volante com bebida não dá certo e acabam resultando em acidente de trânsito, com vítimas fatais ou feridas.
Somente em janeiro, de acordo com a Delegacia de Delitos de Trânsito de Cuiabá três acidentes ocorreram. No mesmo período, quatro acidentes com vítimas fatais foram registrado em Várzea Grande.
Dos quatro primeiros meses, abril foi o mais violento. 13 casos com morte na capital e outros três em Várzea Grande. Em um desses casos de Cuiabá, a vítima desceu da moto para atravessar o canteiro central e foi atropelado por uma Duster. A vítima morreu na hora.
Outro caso a se destacar ocorreu na Rodovia Helder Cândia, que liga Cuiabá a Nossa Senhora da Guia. Um motorista embriagado atropelou uma moto e matou o condutor. Ele fugiu do local com medo de ser espancado, mas acabou se apresentando na Delegacia de Trânsito e negou que tenha bebido. Ele foi solto, por não ter mandado de prisão contra si.
O delegado titular da Deletran, Jefferson Dias Chaves, explicou que a maioria das vítimas estão na faixa etária de 18 e 25 anos. “Infelizmente grande parte das vítimas são jovens e motociclistas entre 18 e 25 anos. E, grande parte delas ainda dirigem sem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O que os condutores precisam ter em mente é que deve sempre mandar a ocorrência para o Juizado de Pequenas Causas, fazer a apreensão do veículo e aplicar a multa, porque fazendo isso a gente consegue combater os crimes contra a legislação de trânsito”, disse.
A Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) confirmou que a maioria desses acidentes acontecem nas Avenidas Fernando Correia da Costa e Historiador Rubens de Mendonça (CPA), porque são consideradas as mais movimentadas. Já em Várzea Grande a maioria das tragédias ocorrem nas Avenidas da FEB e 31 de Março.
Gabriel Soares / HiperNotícias
Delegado Jefferson Dias Chaves confirmou que maioria dos envolvidos em acidentes não possuem CNH
O delegado comentou que a Deletran é sempre a última a chegar em uma ocorrência. Justamente porque nos acidentes de trânsito envolvendo lesão corporal as testemunhas costumar acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para prestar socorro e encaminhar para o hospital. Porém, todas as vezes que alguém da delegacia se desloca para atender as vítimas os motivos que levam a um acidente são os mesmo: bebida e volante.
“Nós tivemos agora, recentemente, o advento de implantação de radares eletrônicos na nossa cidade. Essa implantação foi fundamental para ajudar no índice de redução de acidentes, pois as pessoas acabam obedecendo. Tendo em vista, que o dói no bolso é o que o brasileiro sente. No entanto, estamos batendo pesadamente nisso. Vamos fazer mais fiscalizações e encaminhar essas pessoas para o poder judiciário. Olha o absurdo, o cara vai ser encaminhado para a delegacia, irá responder o processo, terá seu veículo apreendido e vai pagar uma multa caríssima. Por que não entra numa escola de formação de condutores, aprende as regras do trânsito e faz a CNH? Isso é mais fácil”, argumentou.
Conforme o delegado Jeferson Dias Chaves, para ser crime basta 06dg/l de álcool no sangue. “Quem ultrapassa os 06 dg/l está completamente embriagado para o Código Penal”, afirmou.
Já nos casos em que a vítima sobrevive, o Hospital Municipal São Benedito tem ajudado muitas pessoas a se recuperarem dos traumas sofridos. Do total de pacientes acidentados e atendidos em janeiro, 85% são motociclistas. Em fevereiro, já foram 79%, em março 80% e em abril outros 80%.
Em relação ao número de atendidos pelo Samu, a Secretaria de Estado de Saúde esclareceu que o atendimento é feito quando acionado através do telefone 192. Podendo o paciente ser atendido por ambulâncias básicas ou avançadas, devidamente definida pelo médico regulador. Ao todo, são 10 ambulâncias distribuídas prioritariamente em Cuiabá, Várzea Grande, Chapada dos Guimarães e Poconé.
Hugo Dias/HiperNotícias
Mais de 80% das vítimas operadas no Hospital São Benedito são vítimas de acidentes com moto
De janeiro a março de 2016 foram feitos 5.087 atendimentos em Cuiabá e Várzea Grande. “Não existe dia da semana com mais ocorrência, há um certo equilíbrio durante a semana. As motolâncias ajudam na logística e nos primeiros socorros, mas a remoção é feita pela equipe na ambulância”, falou.
Por último, o delegado comentou sobre as leis arcaicas de trânsito. Pra Jefferson Dias, um homicídio de trânsito não pode ser crime afiançável.
"O juiz, o delegado, o policial, o promotor, ninguém faz lei. Quem faz isso é o político. Nós apenas cumprimos a Lei. Essa celeuma está no Brasil todo. Veja só: Um condutor bateu embriagado e matou uma pessoa ele tem que está preso e não solto. Ele tem que ficar é muito tempo preso, pra saber a dor de uma família. Imagina se fosse um parente dele?”, concluiu o delegado.
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