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Cidades Sábado, 11 de Julho de 2020, 08:30 - A | A

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Sábado, 11 de Julho de 2020, 08h:30 - A | A

"RAZÕES PARA ACREDITAR"

Pacientes contam como venceram a Covid transformando medo em fé e esperança

RAYNNA NICOLAS

Não é fácil encontrar algo positivo na cobertura diária da pandemia do coronavírus pela imprensa. Mas é possível. O crescimento do número de pessoas que estão se curando da doença é uma dessas raras mas boas notícias. É exatamente isso que começou a acontecer em Mato Grosso nos últimos dias. Até o último balanço desse dado, divulgado na quinta-feira (09), a taxa de recuperados da doença já correspondia a 44,2% de todos os infectados. Mais do que números, essa porcentagem representa histórias de superação, fé e esperança.

Reprodução

ana beatriz

 Ana Beatriz, recém nascida e já uma vencedora.

Ao todo, 11.660 pessoas venceram o vírus em Mato Grosso até quinta passada e, a cada novo caso que entra para essa estatística, existe uma nova razão para acreditar, como destacou a primeira-dama do Estado, Virginia Mendes, ao anunciar a recuperação da recém-nascida Ana Beatriz.

“Razões para acreditar. É com essa frase que compartilho essa notícia maravilhosa com vocês neste sábado. A recém-nascida Ana Beatriz é mais uma vitoriosa na guerra contra o #coronavirus”, escreveu no Instagram, sábado passado.

O inimigo invisível não faz distinção de idade, classe social, etnia ou gênero e se aproveita de cada descuido para atingir um novo hospedeiro. Deomildes Leite Nascimento, o Pedro Goleiro, estava trabalhando quando contraiu o vírus. “Antes eu saía muito, de 3 a 4 vezes, ia a mercados, açougues, bancos, lotérica, pois forneço marmitex. Em um dos lugares onde eu entregava quase todos se infectaram mais ou menos ao mesmo tempo”, explicou Deomildes.

Goleiro, que apresentou os sintomas mais brandos da doença, disse ao HiperNotícias que não sentiu medo quando recebeu o diagnóstico, mas o cenário mudou com o início do isolamento. “Eu parei de assistir as notícias, não queria saber do vírus”, disse.

Já para Lucas Ribeiro, que tem 21 anos e é 35 anos mais novo que Deomildes, de 56, o pior medo era transmitir a Covid-19 aos pais. “O meu maior medo foi de meus pais contraírem o vírus. Porém, diante da situação, tomamos medidas severas de isolamento em casa e por isso ninguém apresentou sequer algum sintoma”, pontuou.

O jovem também apresentou sintomas leves da doença e afirmou que a pior sensação foi perder o olfato e o paladar. 

O mesmo sintoma de perda do paladar foi o que fez o secretário de Comunicação de Cuiabá, Fausto Alberto Olini, ter convicção de que tinha contraído o vírus. "Eu procurei o teste antes de ir ao médico porque estava com febre e dor de cabeça; demorou entre cinco e seis dias para ficar pronto, e um dia antes de sair o resultado eu perdi o paladar. Então, foi o que praticamente confirmou. No outro dia saiu o resultado e eu estava posivito para a Covid", explicou ele.

Acervo Pessoal

fausto olini e esposa

 Fausto Olini e a esposa, indispensável na luta contra a Covid-19. 

Segundo o que contou o secretário, o sentimento de estar isolado foi muito ruim. "Querendo ou não você tem um vírus que assusta, né? Foi bem chato o isolamento no hospital e em casa também".

Logo após os exames, o publicitário relatou que sentiu medo devido às alterações no sangue. "O normal do D-Dímero é entre 200 e 500 e o meu estava em 1.250. Comecei o tratamento com os remédios, azitromicina, vitamina C, dipirona e clexane para ajudar a afinar o sangue. Isso me preocupou bastante, nesse período eu pensei que tem pessoas que passam por isso bem e outras que morrem e eu me perguntei se eu estava nessa, se iria sofrer e iria morrer. A incerteza é muito alta, isso foi o que mais me incomodou", disse. Apesar das alterações, Fausto pôde cumprir o isolamento em casa e já está totalmente curado. 

O vereador por Cuiabá Lídio Barbosa (MDB), conhecido como Juca do Guaraná, de 42 anos, não teve a mesma sorte. Em um intervalo de cinco dias, o comprometimento dos pulmões de Lídio saltou de 15% para mais de 50%.

“Eu estava com os sintomas já havia alguns dias e o médico me disse que provavelmente era Covid. Ele pediu uma tomografia do tórax e foi constatada a doença com comprometimento de 15% dos pulmões. Eu fiquei um pouco preocupado porque eu nunca tive nenhuma doença grave. Na terça-feira, dois dias depois de receber a notícia de que meus pulmões estavam 15% comprometidos, eu voltei ao médico e em um novo exame, já estavam de 25% a 40% comprometidos. Na quarta, esse número subiu para mais de 50% e foi onde eu fiquei muito preocupado”, comentou.

Reprodução

Juca do Guaraná

 Juca do Guaraná, venceu a Covid-19 depois de passar 4 dias na UTI. 

O vereador deu entrada na UTI do Hospital Amecor em Cuiabá no dia 10 de junho. “Era um momento de reflexão, a UTI é um espaço de pensamento, ainda mais para mim, que fiquei consciente. É um momento bem angustiante, mas quando você sai dela, parece que você ganhou um prêmio”, desabafou.

O secretário de Comunicação da Capital, Fausto Olini, também enfatizou o momento de reflexão. "Refletir sobre a vida não é apenas um processo de identificar falhas, significa aprender a conhecer melhor você mesmo e sua trajetória, entendendo seus motivos e buscando formas de evoluir e ser ainda melhor. Você pode fazer isso meditando no meio do nada ou sozinho com seus pensamentos. Esteja sempre pronto para escrever novas histórias, algumas folhas podem ter mais conteúdo que as outras, mas nunca se esqueça de anotar frases que valham a pena", escreveu em uma rede social.

Juca e Fausto ainda falaram sobre a importância do apoio dos amigos, familiares e profissionais da saúde no processo de recuperação. “Eu sou eternamente agradecido aos médicos, enfermeiros, auxiliares, aos meus amigos, recebi centenas de mensagens de apoio durante o período em que estive internado e depois. Mensagens de esperança mesmo, pessoas torcendo pela minha recuperação, fazendo orações, tudo isso contribuiu porque a gente sabe que tem pessoas que se importam conosco”, destacou Juca.

"Foi muito importante para mim, eu agradeço meus amigos, minha família, minha esposa que ficou sempre do meu lado e contraiu a doença também. Ela não teve sintomas graves, mas ficou sempre alí comigo, me ajudando com a medicação. Ver seu pai deixando uma fruta na porta da sua casa e indo embora enquanto você olha pela janela, isso é muito louco. Ver amigos ligando, até o prefeito ligando sempre, a primeira dama dando apoio, os profissionais que me ajudaram, só tenho gratidão por tudo", declarou Olini. 

PRECONCEITO

Pedro Goleiro pontuou que, apesar do preconceito que sofre por ter sido portador do vírus, voltar ao trabalho foi a melhor coisa para ele. “Teve clientes que pararam de pegar almoço comigo quando souberam que tive Covid, vizinhos se afastaram, e isso dói. Mas a melhor coisa é poder voltar a trabalhar, ser útil, não ser dependente dos outros. Foi a melhor coisa, ter a minha liberdade de volta”, frisou.

Reprodução

Juca do Guaraná

 Deomildes Nascimento, o Pedro Goleiro, vencedor nos campos e na batalha contra o coronavírus. 

A emoção, no entanto, é uma via de mão dupla. Os profissionais de saúde que atuam na linha de frente do enfrentamento ao coronavírus também relatam alegria ao ver um paciente recuperado da doença, de volta à sua vida, projetos e sonhos.

“Eu tive uma paciente com mais de 70 anos e algumas comorbidades que teve a Covid-19. Na semana passada, ela voltou já recuperada e me agradeceu muito. Eu fiquei muito emocionado porque no dia anterior tinha perdido um paciente. A gente fica muito feliz quando tem uma vitória nessa pandemia. As vezes a gente tem uma sensação de estar enxugando gelo, mas é isso que me motiva, dar resultado àqueles que precisam da gente” , contou o médico e ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Werley Peres. 

A nutricionista Vanessa Arruda, que atua na Santa Casa de Cuiabá, Hospital de Referência no tratamento à Covid-19 na Capital, ressaltou a importância da equipe multidisciplinar no atendimento aos pacientes e a satisfação de ter o trabalho cumprido. 

"Com a chegada do paciente começamos com o processo de tratamento multidisciplinar. Médicos, nutricionistas, enfermeiros e psicólogos se empenham para que ele seja tratado da melhor forma. Agora nós vivemos um aumento na demanda, cada vez mais pacientes chegam aos hospitais em busca de tratamento e vivenciar a cura de um paciente é sentir que o processo é doloroso, mas que no fim do túnel há uma saída. Precisamos entender o real sentido da vida. A sensação é de dever cumprido em poder ajudar alguém a voltar com saúde e alegria", declarou.

ESPERANÇA

Em uma mensagem de fé, o estudante Lucas Ribeiro define que a palavra fundamental para esse momento é “esperança”, o sentimento de quem vê como possível a realização de dias melhores.

Reprodução

Juca do Guaraná

 Lucas Ribeiro, 21 anos, venceu a luta contra a Covid-19. 

“A mensagem que acredito ser fundamental para esse momento é de esperança. Muitos têm falado sobre isso nesse tempo, mas não sabem de fato esperar pelo o quê... Nossa esperança deve estar em que Deus poderá nos levar para dias melhores. Dias melhores virão e, com todos os devidos cuidados, acredito vamos passar por esse tempo com firmeza, saúde e muita força”, disse o jovem.

Deomildes, por sua vez, fez questão de lembrar que o momento é de cuidado. “Sair o mínimo de casa, chegar e tirar a roupa fora de casa, tomar banho, não tirar a máscara, não ficar pegando na máscara, demorar o mínimo na rua, higienizar as compras, aprendi que esses cuidados são importantes”, ressaltou.

O Secretário de Comunicação de Cuiabá também enfatizou a importância de respeitar o vírus. "Para quem não pegou e respeita o vírus, a mensagem é simples: Continue assim, tome todos os cuidados, não é brincadeira, continue pensando desse jeito porque o momento é muito sério. Para as pessoas que não pegaram e não respeitam, acham que é tudo muito simples, eu digo que é tempo de mudar. Se você não liga, você tem que pensar na outra pessoa, não é o momento de pensar só em si mesmo. Você pode passar bem, mas o outro pode passar mal e morrer. Ainda é tempo de mudança do pensamento, eu acredito muito nisso. É tempo de mudança e de ser muito responsável", disse. 

ESPERANÇA EM NÚMEROS

Nos primeiros nove dias do mês de julho, a taxa de letalidade do vírus no Estado se manteve estável, em torno de 3%. Em contrapartida, a taxa de recuperados da Covid-19 em Mato Grosso saltou cerca de oito pontos. No dia primeiro, 37,6% de todos os infectados com o vírus tinham superado a doença, número que na quinta-feira (09) subiu para 44,2%.

Até a última sexta-feira (10), Mato Grosso acumulava 27.636 casos de Covid-19 e os óbitos somam 1.026. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) esclareceu que os dados relativos aos casos em monitoramento e recuperados só serão atualizados a partir da próxima segunda-feira (13) devido à alterações no sistema da Pasta. 

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