Mato Grosso é um dos estados que mais tem mistura de povos e culturas. Entre os migrantes e imigrantes que se fixaram na região estão os italianos, vindos seja do sul do Brasil ou diretamente do país europeu. Em Cuiabá, o Instituto Michelangelo trabalha com o resgate da história deste povo, e sua fundadora e diretora, Carmelinda Ferrante Maciel da Silva, é um memorial vivo desta trajetória.
Edson Rodrigues/HiperNotícias
Carmelinda nasceu em Nápoles, no sul da Itália, e veio para o Brasil em 1975, aos 14 anos. Na época, foi trazida por seu tio, que prometeu à sua família um futuro promissor. Aos 20, ela se casou com um cuiabano que conheceu em Corumbá e aqui se fixou.
O amor por suas origens a fez estudar história, a fim de pesquisar mais sobre a vinda dos demais italianos para o Brasil. Apaixonada pela cultura, fundou o Instituto Michelangelo em 1993, também a pedido de outros italianos que aqui estavam, para ensinar o idioma. “Eles queriam que eu ensinasse os filhos e netos deles”, revelou. Desde então, o Instituto se dedica a resgatar a história da imigração italiana.
O memorial, com vasto acervo de fotos e documentos, foi montado com doações de objetos de famílias italianas. Por conta trabalho que alcançou com suas pesquisas ao longo dos anos, Carmelinda foi procurada pela embaixada italiana para que assumisse o cargo de vice cônsul e trabalhava diretamente com o consulado, localizado em São Paulo.
Pouco depois, o trabalho com o consulado encerrou, mas as atividades continuaram, na medida do possível. Atualmente, o instituto faz a assessoria para descendentes, com busca de documentações no país europeu, orientações para a obtenção da cidadania e cursos do idioma.
Reconhecido pelo senador
Na última semana, o senador italiano Fausto Longo esteve em Cuiabá com uma extensa agenda com o governo do estado. No entanto, ele fez questão de reservar um tempo para conhecer o Instituto Michelangelo.
“Nós tivemos essa grande oportunidade dele passar por aqui e conhecer esse memorial que nós guardamos. Ele achou um grande tesouro, ele achou que isso é uma coisa que não pode deixar morrer, porque é importante para a cultura italiana e cuiabana”, destacou a diretora.
Carmelinda aproveitou a ocasião para apresentar propostas que formulou ao longo dos anos. Segundo ela, o próprio senador manifestava a necessidade de se estreitar os laços entre Mato Grosso e a Itália. Ela, então, lhe entregou duas pastas de projetos.
“Ele quer ver essa comunidade unida. Ele quer que se faça alguma coisa, porque isso não pode parar”, comentou. Entre as propostas, ela pede a possibilidade de intercâmbio entre os jovens do estado e o país, para que os estudantes possam ter contato com as inovações do país europeu.
Carmelinda também pediu a autorização para que um tradutor público juramentado seja remanejado para Cuiabá, para auxiliar com as documentações de descendentes. “Porque eu só dou orientação, não posso traduzir, tem que ser juramentado”, explicou. Ela também propôs que Cuiabá e Roma se tornem cidades irmãs.
A italiana espera que, com a vinda do senador, os ânimos da comunidade italiana em Mato Grosso sejam renovados. “Se deseja que a comunidade volte a se unir e funcionar, e que trabalhe em conjunto, para produzir. Porque hoje os tempos mudaram”, comentou.
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