Conhecido nacionalmente por seu orçamento bilionário, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), promessa de modal que nunca chegou a ser inaugurado entre Cuiabá e Várzea Grande, será tema de um filme produzido por estudantes de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Ao HNT, o roteirista e um dos diretores do curta ‘VLT: VERI LONGUE TREVELLIN’, Pablo Borges Paz, contou os motivos para produzir um filme que traga debates em torno do modal fracassado.
“O VLT é esse mito da sociedade cuiabana. Então, fazer um filme regional que fale e se relacione com a população de Cuiabá e do Estado é o suficiente. Principalmente se o VLT filme tiver o impacto que o VLT modal não teve, até porque ele nunca foi construído, e discutir também um pouco sobre o nosso subdesenvolvimento, no sentido de entender os motivos de ele nunca ter sido feito”, disse.
Crédito: Eduardo Reis

Parte das gravações ocorreram na própria Universidade Federal de Mato Grosso, no Instituto de Linguagem (IL)
Entusiasta da sétima arte, Pablo explicou que o filme será sobre ‘fracassos’, visto que a história conta a tentativa fracassada de estudantes em tentar fazer um filme sem orçamento, um dos principais problemas enfrentados pelo setor audiovisual no Brasil. Conforme o estudante, apesar de orçamento não ter sido um dos ‘empecilhos’ para a conclusão do modal, a imagem que se tem hoje é de apenas uma obra fracassada e inacabada.
“O filme vai contar a história de histórias de estudantes de Cinema e Audiovisual que tentam fazer um filme sobre o VLT, mas eles nunca conseguem por falta de orçamento. É um filme sobre fracasso e o que é o fracasso, visto que narra a fracassada tentativa de estudantes em produzir um filme. No decorrer da história, eles fracassam por várias razões, desde a falta de orçamento até a falta de motivação. Assim como o VLT, que é uma obra fracassada e que nunca saiu do lugar. Como moradores de Cuiabá, nós estamos presenciando a remoção dos trilhos e foi daí que surgiu a ideia em fazer essa analogia, de como não conseguimos fazer as coisas e por quê”, explicou.
‘MERGULHAR NO CUIABANO’
Cuiabá é muito fechada, as coisas demoram para acontecer aqui, mas o que é mais triste é que isso não acontece por falta de potencial, até porque eu vejo muita coisa boa aqui, ela pode ser muita coisa. Ser de fora e fazer esse filme é uma tentativa de mergulhar no cuiabano
Ao comentar sobre a produção do filme, Pablo contou que o projeto é uma ‘tentativa de mergulhar no 'cuiabano’. Natural de Minas Gerais, no Triângulo Mineiro, o estudante enfatizou sobre a importância de fomentar a cultura local e todas as possibilidades, diante de Cuiabá.
“O roteiro foi escrito por mim, que sou de Minas Gerais, e pelo Antônio Cuyabano, que é de Caçapava, São Paulo. Quem vai dirigir sou eu e o Michell Miranda, que é daqui de Cuiabá, nascido e criado. As pessoas de fora que fazem Cinema aqui têm muito a visão de vir pra cá, estudar e ir embora. Esse filme é tentativa de tentar criar raízes aqui, de tentar participar mesmo da cidade, até porque a gente vive dentro da universidade, que é um espaço público, mas, também, somos moradores”, contou.
Crédito: Eduardo Reis

À esquerda Michell Miranda e à direita Pablo Borges, diretores do filme VLT: VERI LONGUE TREVELLIN
CINEMA E AUDIOVISUAL EM PAUTA
Em conversa com o HNT, Pablo ainda destacou a importância em fomentar o audiovisual mato-grossense. Na ocasião, ele citou principalmente as dificuldades em torno da produção, justamente pela ausência de estrutura e fomento ao audiovisual local.
“Como estudante de cinema, a ideia principal do filme é dar visibilidade ao curso. Eu imagino que a maioria das pessoas que moram em Cuiabá não faz ideia de que existe um curso de Cinema e Audiovisual aqui na Universidade Federal de Mato Grosso, que é gratuita e pública, e qualquer pessoa pode ter acesso. A segunda é trazer estrutura cinematográfica para o curso, conseguir fazer coisas que no eixo Rio-SãoPaulo é mais fácil de fazer, como gravar um filme com equipamento, parcerias e profissionalização para a Universidade e expandir tudo o que aprendemos aqui”, concluiu.
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Keila Sandra Spessoto 21/07/2023
Parabéns pelo assunto abordado, espero que o curso de audiovisual prospere, pois a valorização cultural da sétima arte em MT é ínfima.
1 comentários