"Naquele caso, a doença começou na China, passou para outros países e foi contida graças a um grande esforço internacional", afirmou. No evento atual, ele considera que o Brasil é tão exposto como qualquer outro país que tenha contato por meio de viajantes com a China.
"Hoje, o mundo é todo conectado por transportes aéreos de longa distância e muito rápidos, então estamos diante de uma situação, sim, de risco internacional. O que temos a nosso favor é que nós fazemos parte de um grupo de países que têm muito bem montada a vigilância epidemiológica, a capacidade de identificar casos e responder rapidamente."
Segundo ele, essa estrutura foi montada ao longo dos últimos 20 ou 30 anos no Brasil e hoje está bastante sólida. "A nossa capacidade de agir rapidamente, identificar a doença e notificar os casos talvez seja a nossa maior segurança, algo que poucos países não desenvolvidos têm."
De acordo com o especialista, as medidas iniciais tomadas pelo governo brasileiro, de monitorar aeroportos, portos e postos de fronteira, é o que se pode fazer, de acordo com as normas da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A expectativa agora é sobre a decisão da OMS de se considerar ou não a situação de emergência de saúde pública de importância internacional. "Quando isso é decretado, todos os países são chamados a colaborar na vigilância de aeroportos, portos e fronteiras, em um trabalho conjunto. O que temos hoje e que não tínhamos no passado é uma capacidade enorme de comunicação. A maior parte dos países que têm uma estrutura melhor de saúde pública já está em alerta."
Fortaleza lembra que não existe segurança absoluta de que a doença não chegue ao Brasil. "O que podemos fazer é utilizar bem os nossos controles e nossa capacidade de identificar e diagnosticar os casos. A China é um país enorme, mas os casos estão vindo especificamente de uma região, da cidade de Wuhan. A história mostra que condutas como restringir voos e fechar fronteiras não evita que uma doença se localize no país. Os Estados Unidos fizeram isso para conter o ebola, mas o ebola entrou a partir de imigrantes ilegais. O que faz o Brasil, que não fecha a fronteira e trabalha com a informação, é muito mais eficaz", finalizou.
(Com Agência Estado)
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