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Artigos Segunda-feira, 19 de Outubro de 2020, 09:03 - A | A

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Segunda-feira, 19 de Outubro de 2020, 09h:03 - A | A

SUELME FERNANDES

Nos bastidores das campanhas municipais de Cuiabá

SUELME FERNANDES

Reprodução

Suelme Fernandes

Caminhamos para os 20 dias finais das eleições de 2020 e o stress nos comitês dos prefeitos estão altíssimos em todas as cidades nesse momento. Cuiabá tem 7 candidatos a prefeito e 728 candidatos registrados para concorrer a 25 vagas de vereador nestas eleições. As mulheres representam 36,4% (265) do total de candidaturas e os homens 63,5% (463).

Com a mudança das regras eleitorais e o fim das coligações, os dirigentes partidários tiveram que fazer chapas chamadas completas, com começo meio e fim  (candidatos de grande, médio e pequeno porte eleitoral) com o número máximo de candidatos possíveis, que na média varia de 28 a 40 nomes por chapa.

Os dirigentes fizeram de tudo pra fechar os melhores nomes possíveis na chapa para garantir a viabilidade eleitoral do projeto partidário e atingir o coeficiente mínimo de votos para eleger ao menos 1 vereador direto, no caso de Cuiabá, 11 mil votos.

Candidato a prefeito que se preze cria uma coordenação específica para vereadores nos comitês, espécie de atendimento preferencial ou agência prime pra servir de para-choque dos inúmeros conflitos que surgem numa campanha. Falaremos sobre alguns abaixo.

As confusões começam com o boato entre as chapas de que a grana do partido que veio não sei de onde, do partido, do prefeito ou do senador chegou nas mãos dos dirigentes, mas esse dinheiro teria sumido ou foi distribuído na panelinha de alguns candidatos “mais fortes”. Essa conversa sempre existiu e sempre existirá em todas as eleições e gera muitos embates já que em se tratando de eleições, ninguém confia em ninguém!

Nas rodinhas fala-se em números e cifras milionárias mágicas, fulano que fechou por tanto e assim vai. São histórias incríveis esses “fechamentos” financeiros acompanhado de narrativas de inúmeros golpes rasteiros. Isso já até virou tradição nas campanhas e alimenta o imaginário político em toda eleição.

E dá lhe pressão dos candidatos na coordenação de vereadores atrás de estrutura também. O básico do manual é pedir pra voltar mais tarde, uns 10 dias depois, pra ganhar tempo até chegar o mais perto das eleições possível. Como em politica segredo entre três  só se matar dois, se liberar estrutura para um candidato que seja pedindo segredo, no outro dia a notícia está nas ruas correndo  igual rastilho de pólvora, aumentando as brigas internas. 

A desculpa e a estratégia ideal  é segurar a turma o maior tempo possível, antigamente as campanhas eram de 6 meses, caiu pra 3, depois pra 30 e por último, virou 15 dias, então gelo na veia que a estrutura está vindo, gasolina material gráfico e contratos a rodo.

Com a nova lei eleitoral passou a existir dois gatilhos prontos para disparar e desmontar a viabilidade eleitoral de qualquer chapa de vereadores. O primeiro gatilho é a ameaça de debandada dos candidatos menos competitivos. Funciona assim: como os candidatos sabem que se desistirem da disputa, derrubam o coeficiente eleitoral e ferra todo mundo por tabela, começam a ameaçar de desistir se não receberem a estrutura de campanha. Normalmente esses motins são em grupos de 2 e 3, 4 pessoas e são feitos em regra, pelos menos competitivos também chamados na gíria da política de “bagrinhos”. 

Essa ameaça de desistência impacta nas campanhas dos  candidatos  à vereadores que disputam a reeleição e/ou sobre os nomes mais competitivos da chapa que passam também a  pressionar junto as coordenações em “solidariedade” aos demais pra evitar o risco deles próprios perderem as eleições por causa da falta de coeficiente eleitoral. 

Segundo gatilho do revólver é o efeito “laranjal”. A cota obrigatória de 30% de mulheres na chapa que deveria ser uma inovação virou um problema político, primeiro porque depois do escândalos a nível nacional do “laranjal do PSL” em 2018, as mulheres ficaram sabendo que tem dinheiro carimbado nos partidos destinados pra financiar suas campanhas e que devolver para outros candidatos ou para os dirigentes parte dele ou todo montante é crime eleitoral.

Como algumas mulheres infelizmente puseram o nome na chapa com muitas promessas de estrutura e de olho na tal cota financeira, mais até do que no próprio voto, nessa altura do jogo, se a “ferpa” não apareceu na conta da campanha a crise está estabelecida nos partidos.

Pela nova legislação, havendo uma única desistência feminina que não foi substituída imediatamente, anula-se a chapa inteira, imagine então várias desistências o estrago que faz.  E mais, se boicotarem a chapa ficando em casa sem pedir votos, pode ser caracterizada como candidatura  “laranja” e também põe em risco a chapa toda. Nesse caso, também existe a “solidariedade” a causa feminina por parte dos candidatos mais competitivos por óbvio. 

Os bagrinhos da chapa podem inclusive, se unirem com as mulheres nessa reivindicação pra forçar negociação com os coordenadores de campanha. Vi acontecer isso essa semana num comitê de Cuiabá. Em política o preço da quebra do compromisso é a traição, por isso que nesse mundo eleitoral tem mais gente querendo ser amante do que ser casado! 

Por outro lado, existem candidatos que não se amotinam, mas viram  quase que “pedintes” nos comitês ou passam o dia inteiro atrás dos prefeitos cobrando estrutura. 

Imagino por exemplo, como está o clima nesse momento numa certa coligação que tem quase metade dos candidatos à vereadores de Cuiabá na chapa, 300 candidatos e 12 partidos. Não consigo nem imaginar o vuco vuco de gente.

Por último, tem outro fenômeno acontecendo nas campanhas entre os chamados tubarões das chapas que é o disse me disse de que esses vereadores da panelinha que conseguiram a estrutura de campanha não estariam pedindo votos para os majoritários. Sejamos sinceros, o vereador em geral está mais preocupado com sua reeleição do que com qualquer outra coisa e não entra em “bola dividida” na hora de pedir o voto. Ainda mais sabendo que existirão dois turnos nas eleições. Por isso alguns preferem fazer suas colinhas de votação apenas com seu número e foto impressa e os demais quadrinhos deixam em branco. 

Bem vindos a campanha eleitoral no Brasil que no final acaba sempre deixando alguém magoado com a política, boa parte, pessoas de boa fé que se dispuseram a emprestar seu nome, mesmo sem entender direito como funciona as campanhas e que nesse momento estão descobrindo a real política da pior forma possível. Pois as máquinas partidárias e a falta de transparência no uso dos recursos do fundo partidário servem na maioria dos casos para eleger alguns escolhidos que atendem aos interesses das siglas, geralmente os que já estão no mandato. 

Aos partidos que estão sendo justos com seus candidatos nessas eleições, minhas considerações e respeito político e aos demais deixo aqui meu repúdio e indignação.

Precisamos de uma reforma política voltada para legislação dos partidos e seus caciques, chamados pelo grande historiador Raymundo Faoro em seus dois volumes de “Os donos do Poder”, para tentar mudar essa realidade que vulnerabiliza a democracia e mantém o status quo. 

 

(*) SUELME FERNANDES é mestre em História e Articulista Político siga no Instagran.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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