Causos de Mato Grosso 7

Gabriel Soares / Hipernotícias

No filme “Cinema Paradiso” observa-se em uma parte curiosa do filme, onde o padre, que era o proprietário do cinema, não consentia por questões morais/religiosas, a exibição de cenas de beijos. E aí o operador tinha que cortar a fita, retirando as cenas de beijos, tidas como obscenas.

Por incrível que pareça, um fato idêntico já ocorreu em nosso querido Cine Bandeirantes, que funcionou durante muitos anos na Rua Pedro Celestino, no centro de Cuiabá.

Era comum em todos os cinemas da época, antes da exibição dos filmes, tocarem música. E toda aquela que estava em sucesso na cidade, o cinema comprava e repetidas vezes, dependendo da solicitação dos espectadores, o disco era tocado.

Estava fazendo sucesso no momento o gostoso sambinha da cantora Elza Soares, e a rapaziada só que pedia “bota a Elza para nós”. Acontece que na letra, a cantora dizia: “De dia me lava a roupa... de noite me beija a boca, e assim nós vamos vivendo de amor”.

O proprietário do Bandeirantes, que também era o gerente, já bastante idoso e ranzinza, moralista por excelência, não se conformava com o “beija a boca”, proibindo literalmente de tocar o disco...

Daí entra o operador Pachequinho na gerência e diz: “Sêo Nhô, o povo está dizendo que se não voltar a tocar o disco da Elza Soares, todo mundo vai embora para outro cinema...”

Saiu o velho zangado da gerência, dirigiu--se a cabine de som e mandou tocar o disco e justo no momento do “beija a boca”, ele marcou com o dedo, retirando o disco do prato. Pediu a tesoura e fez no sulco da gravação, justo na parte marcada, um risco com a ponta do objeto. Em seguida disse ao Pachequinho: “Pronto, agora você pode tocar!...”

O Pachequinho, meio ressabiado, botou o disco para rodar novamente, esperando os acontecimentos...

Parece que a emenda ficou pior do que o soneto, pois com o corte do censor do cinema, a música ficou da seguinte maneira: ‘... de dia me lava a roupa..., de noite fluc, fluc, fluc..., assim vamos vivendo de amor...”

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