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Artigos Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019, 07:30 - A | A

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Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019, 07h:30 - A | A

SUELME FERNANDES

A República em Mato Grosso -1

SUELME FERNANDES

Divulgação

Suelme Evangelista

Tentarei nesse artigo dividido em duas partes tratar de dois eventos importantes para Mato Grosso e para o Brasil tentando construir um diálogo, um encontro possível entre os 130 anos de Proclamação da República que se comemora nesse dia 15 e os 100 anos do hino de Mato Grosso escrito por Dom Aquino Corrêa como Canção Mato-grossense em 1919 e cantado pela primeira vez nas comemorações do bicentenário de fundação do Estado e musicado posteriormente pelo maestro Emílio Heine em 1983.

Pra começar o maior desafio da nascente república em Mato Grosso desde seu surgimento até os dias atuais foi o de povoar o estado, através da divulgação externa das potencialidades econômicas e das imensas áreas disponíveis para exploração. Era e continua sendo um estado pequeno demograficamente e de dimensões geográficas continentais.  Este foi o esforço de colonização da primeira república foi expressa na letra do hino de Dom Aquino Corrêa, que também foi governador do estado de 1918-1922. Usarei o hino como pretexto para apresentar o contexto da proclamação da república em Mato Grosso.

Em 1889 Mato Grosso tinha apenas 92.880 habitantes, menos de 4% dos atuais 3.844.466, era um território “desconhecido” apesar de habitado por milhares de índios. Também ficou conhecido como eldorado perdido, sertão, vazio demográfico ou como se propagou nos versos do hino de Mato Grosso “novo colosso”, referindo por metáfora a uma das maravilhas do mundo antigo o  colosso de Rhodes - uma estátua do titãs Deus do Sol da mitologia grega, Hélios e no início da estrofe destaca a condição de fronteira internacional com Bolívia e Paraguai “Limitando, qual novo colosso O ocidente do imenso Brasil”.

Quase todas as passagens da música são dedicadas as paisagens naturais e o potencial econômico de Mato Grosso que é apresentado como um território ermo e desabitado. Os elementos étnicos formativos do estado aparecem em duas passagens, numa como mito do bandeirante-herói do sertão e noutra com os índios. No primeiro momento os índios são apresentados numa visão romântica do bom selvagem e noutra como problema, estorvo do progresso. “E da fauna e da flora o índio goza”...“Que o valor de imortais bandeirantes Conquistou ao feroz Paiaguás!”

A presença africana foi desconsiderada nas letras do bispo que objetivava construir um sentimento, um gentílico -  mato-grossense de acordo com a ideologia branquializadora da própria república.

O hino faz propaganda das riquezas e as oportunidades de exploração para os aventureiros naquela virada de século XX: “Salve terra de amor terra de ouro que sonhara Moreira Cabral”...“A opulência em teus virgens sertões”. Os primeiros governantes republicanos se esforçaram muito para “vender” o estado para o país e para o mundo.

Em 1889 existia apenas 10 municípios entre baixada cuiabana, região norte e sul do estado numa área de quase 1 milhão e meio de quilômetros quadrados (incluindo os atuais Mato Grosso do Sul e Rondônia).

De uma maneira geral, da república até os dias atuais “todos” os governantes buscaram divulgar as potencialidades e oportunidades do Estado pra tentar expandir populacionalmente e economicamente: Estado Solução, Mato Grosso é Hora de Investir, Mato Grosso é um Gigante são algumas campanhas publicitarias mais recentes.

Na primeira república que vai de 1889-1930, corria Brasil a fora a fama das ricas lavras de minerais existentes, em especial  ouro na baixada cuiabana e o diamante na região do rio Garças, o hino faz uma referência a esse potencial de riquezas de maneira poética: “Eis a terra das minas faiscantes Eldorado como outros não há”, menciona também as jazidas de diamantes “O diamante sorri nas grupiaras”.

A economia de Mato Grosso era centrada no extrativismo em geral retratada no hino como hévea fina ou látex, extraído da seringueira nativa encontrada às margens dos rios Juruena, Arinos, Alto Tapajós, Paranatinga e Paraguai. Em 1910, a produção de borracha chegou a 4 milhões quilos de borracha e era exportada para Europa na primeira guerra.

Outra atividade importante foi a produção de erva mate especialmente no sul do estado, com destaque para empresa de Erva Mate Laranjeira que chegou a ter um faturamento até seis vezes maior que os impostos recolhidos pelo estado. Tanto um quanto outro produto da época mereceram destaque na letra da Aquino “Hévea fina, erva-mate preciosa Palmas mil, são teus ricos florões”. 

 

(*) SUELME FERNANDES é mestre em História e Analista Político.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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