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Artigos Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020, 08:44 - A | A

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Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020, 08h:44 - A | A

ALIANA CAMARGO

Contemplar o mundo pelas telas tecnológicas

ALIANA CAMARGO

Arquivo pessoal

Aliana Camargo Costa

Há muito, os currículos vêm negligenciando as mídias dentro das escolas, e novamente saem na frente as instituições que já compreenderam a questão e, assim, inserem discussões sobre o que consideram uma disciplina. A intensa rede que se forma no YouTube por crianças e adolescentes traz ao nosso pensar a forma como esta geração está a contemplar o mundo pela tela mágica, ao modo como nos demonstrou Michel Maffesoli, sociólogo francês, referência no conceito de formação de tribos urbanas.

Diante das telas, qual ancoramento do pensar, qual identidade se estabelece para as novas gerações? 

De uma maneira fluida e efêmera do tempo atual, os mais jovens têm o cognitivo do leitor ubíquo, com presença aqui e acolá, podendo se dispersar facilmente, mas com uma capacidade de criar potencialmente incrível. 

Desse modo, o contemplar o mundo pelo olhar da nova geração deve ser objeto de reflexão para todos que estão interessados (educadores, pais e gestores) em perceber como as crianças, centros de desenvolvimento de uma sociedade, e os adolescentes, motores da vivacidade da mesma, estão criando suas teias simbólicas para que possamos entendê-los agora e amanhã. 

A formação de tribos na rede, por afinidades, por afiliação, por identificação, se processa desde cedo. Antes, as escolhas se resumiam ao seio familiar, às fitas de vídeo ou à grade de programação das televisões abertas do Brasil, bem limitadas. Hoje, ao contemplar o mundo pelas telas, a nova geração tem uma infinidade de produções feitas por elas e para elas nos mais diversos temas, em diversas partes do mundo. Temos uma aldeia global, com tribos se formando a partir de suas preferências. 

E toda essa forma de constituição atual desenvolve a cultura do sentimento. Esse sentimento de pertencimento, da participação, envolve os “mistérios” do grupo. O “mistério” é a estetização da vida, o sentir, forma pela qual se partilha com o outro e se estabelece como cimento das nossas relações sociais.

Na cultura do sentimento, qual é a causa? Quais são os efeitos? O ideal comunitário do qual fala Maffesoli está ancorado no estilo e na imagem que temos disponíveis o tempo todo pelas redes. As produções das imagens estão fixadas no imaginário, no simbólico, no jogo das aparências, e estes ocupam todos os lugares da realidade que vivemos no dia a dia.

O estilo pode ser entendido como o que marca determinada época. Assim como na Idade Média Deus está no centro das relações sociais, na modernidade, o fator econômico se mostra pujante; atualmente, o estilo estético nos impele para o sentir. E cada época não está isolada da outra, pois no avançar das sociedades os estilos se encontram com o que está em vigor. Em suma, a humanidade ainda vive uma época de transição. A cultura está em constante mudança. Um rio não é o mesmo no segundo posterior, e neste momento... e neste momento...

A imagem vivenciada pela nova geração é o que liga uma a outra, é o resultado, um conjunto provocado pela existência do imaginário presente no corpo social. Assim como o totem foi a ligação para as tribos primitivas, a imagem, por sua vez, é o que liga as tribos na contemporaneidade, um elemento de comunhão. 

Saber o que a nova geração está vendo, refletir com ela sobre a mídia-educação é “tão necessária ao exercício da cidadania quanto era a alfabetização no século XIX”, nos dirá a cientista da educação Maria Luiza Belloni.  

Podemos partir da sugestão de Theodor Adorno, quando nos sugere que é da educação que podemos nos tornar seres altamente adaptáveis para as complexidades do mundo: “a educação seria impotente e ideológica se ignorasse o objetivo de adaptação e não preparasse os homens para se orientarem no mundo”. Assim, refletimos: neste processo que estamos vivendo diante das telas tecnológicas, qual modelo de educação e concepção pedagógica queremos para as nossas crianças e adolescentes? 

 

(*) ALIANA CAMARGO é Doutoranda em Educação, Mestre em Estudos de Cultura Contemporânea Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, Jornalista | Documentarista.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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